LEONEL V - VITÓRIA - CAP. 8

CAPÍTULO VIII – VITÓRIA

Ao chegarem à casa de Teodoro Fontes em Diadema, Região Metropolitana de São Paulo, Leonel ficou abismado com o tamanho da casa, quando estacionou a moto dentro do estacionamento dela.

Teodoro Fontes, pai de Floyd, era o dono de uma fábrica de carnes enlatas que distribuía seus produtos pelo Estado inteiro e exportava também para toda América latina.

O homem só não tinha mais dinheiro porque a modéstia não deixava. Quando a moto passou pelo portão, Leonel olhou para tudo e perguntou:

- Foi com ele que minha tia deixou de casar?

- O próprio, disse Floyd, rindo e descendo da garupa da moto. – Por culpa dele, claro, mas ele não era nada quando deixou ela.

Um imenso pastor alemão veio correndo de dentro da casa, para perto deles e Leonel parou, gelado.

- Calma, ele não morde amigos, disse Floyd. – Leonel, eu te apresento o Thor. A criatura mais bonita dessa casa. Está na casa há dez anos.

O cão apenas fez festa em Floyd, colocando as patas em seu peito e lambendo seu rosto e nem ligou para Leonel. Floyd beijou a cabeça do animal e lhe fez carinhos nas orelhas.

- Como você está, grandão? Sentiu saudades?

Uma moça alta e bonita, de cabelos negros muito longos, aproximou-se deles. Ela tinha traços orientais e um sorriso lindo que fez Leonel demorar o olhar sobre ela.

- Meu amor! Até que enfim, seu malandro! – falou ela, abraçando Floyd que jogou a mochila no chão e a levantou, girando com ela no ar, enchendo seu rosto de beijos.

- Meu pedaço de sushi! Que saudade, gata!

- Nem pra ligar você, hein, ingrato? – ela disse, agarrando-se aos cabelos dele.

- Ai! – ele gritou, sentindo dor. - Não faz isso, caramba. Já está ficando ralo, quer arrancar o resto?

- Tem cabelo demais aqui. Há quanto tempo você não corta essa floresta, meu Rick Wright dos pobres? Onde você se meteu?

- Por aí... Estava num lugar que não tem irmã chata querendo me criticar pelo meu estilo.

Leonel ficou boquiaberto ao ouvi-lo dizer a palavra “irmã”.

- Deixa eu te apresentar o meu amigo. Leonel, essa é Vitória, minha irmã. Vita, Leonel Marques. Já te falei sobre ele.

- Oi, Leo! Prazer, ela disse, segurando sua mão e beijando Leonel duas vezes no rosto.

- Irmã? – Leonel perguntou, ainda segurando a mão da moça.

Os dois irmãos riram.

- Todo mundo faz a mesma cara quando ele me apresenta, falou Vitória. – Nada a ver, não é?

- Você é muito bonita pra ser irmã desse cara.

Os dois riram de novo. Vitória juntou os cabelos longos, jogou-os para frente e explicou:

- Eu sou filha do segundo casamento do pai dele, que obviamente não foi o último. E a sua tia é a culpada.

Leonel não entendeu mais nada.

- Vamos entrar que eu te explico, vai, ela disse, enganchando-se no braço dele. – Não quero ver um gato tão lindo desmaiar aqui no jardim.

Ela olhou para o irmão por cima do ombro de Leonel e confidenciou:

- Você tem bom gosto, garoto...

Floyd sorriu e foi pegar a mochila, seguindo os dois.

Os três entraram na casa elegante e ampla e fizeram Leonel se acomodar no sofá da imensa sala de visitas. Floyd entrou pela casa e foi até a cozinha, voltando em seguida com duas latas de cerveja na mão. Jogou uma para Leonel que a pegou no ar.

- A Vitória disse que quem tem que explicar a história do seu pai é você, disse Leonel.

- Até hoje eu fico confusa. Ele conta tudo com mais detalhes. Conta, Pink.

- Floyd... ele consertou, sentando-se ao lado da irmã. – Vai começar?

Vitória riu.

- Ele detesta que eu o chame assim. Bobão, seu codinome é Pink. Floyd é o sobrenome.

Floyd deu um beijo e uma lambida no rosto dela.

- Ai, nojento, não faz isso, indecente! – ela disse, enxugando o rosto no lugar que ele havia lambido. - Sou sua irmã!

- Queria me assegurar que você ainda tem gosto de sushi.

Leonel ria, deslumbrado com aquela faceta da vida de Floyd que ele ainda não conhecia.

- Conta logo, Floyd. Seu pai desistiu da minha tia e...

Floyd tirou as botas e esticou as pernas sobre a mesa de centro. Vitória se deitou sobre elas.

- Meu pai nunca gostou de nenhuma das mulheres que teve. Gostou sim, sexualmente falando, mas nunca amou, do jeito que amava sua tia, Leo. Ele ficou viúvo da minha mãe e se divorciou três vezes, e já está quase casando de novo.

- Caramba! Por que você nunca me contou isso antes?

- Amenidades... ele disse, acariciando os cabelos da irmã.

- Agora explica pra ele os meus olhinhos puxados, Vitória falou, jogando as pernas longas sobre o encosto do sofá.

- Precisa? – ele perguntou.

- Precisa, claro! É parte mais significativa da vida do Teodoro Fontes!

- A segunda mulher do velho é nissei, minha maninha aqui é sansei. Ela morreu dois anos depois de eles estarem separados e a Vitória, que morava com a mãe, veio pra cá. Meu pai conta pros amigos que não tem mais filhos, só ela, pode?

- O que eu acho uma injustiça, disse Vitória. – A gente tem brigas homéricas aqui por causa do Floyd. De resto, adoro aquele velho teimoso. Ele é um coroa chato, mas é um gato. Você vai ver, Leonel.

Leonel sorriu, ainda espantado.

- Engraçado, Floyd, ele me lembra alguém... ela disse.

- Eu sei, disse Floyd, levantando-se e indo novamente para a cozinha.

Leonel o seguiu com os olhos. Vitória perguntou:

- Como sabe? Eu nunca te falei nada! Meu irmão tem umas coisas... Às vezes eu não entendo nada do que ele diz... Ele parece estar numa linha do tempo diferente das outras pessoas. É irritante às vezes...

LEONEL (REENCARNAÇÃO) V – CAPÍTULO 8

“VITÓRIA”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS

BOM DIA E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 12/08/2020
Reeditado em 12/08/2020
Código do texto: T7033059
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