O INVENTÁRIO (PRÓLOGO)

N/A: Boa noite, queridos amigos do RL. Peço um minutinho da atenção de vocês antes de a leitura iniciar-se. Em abril deste ano perdi minha avó materna e sinto muita saudade dela, do meu vô de consideração, daquela casa na qual cresci, por assim dizer, porque ela também conta um pouco da minha história de vida. Na semana retrasada tive um sonho no qual vi um casal comprando a propriedade e modificando o interior dela, então este prólogo foi um meio de explorar os vislumbres de meu sonho. Peço desculpas antecipadamente se porventura classifiquei o texto na categoria errada, mas tenho trauma de colocar na categoria "conto" porque fiz isso com um antigo texto meu e uma pessoa portou-se de maneira extremamente rude, então, por medo de que isso ocorra novamente, redijo a nota, posto que estou trabalhando nesse pequeno projeto pessoal de homenagear meus falecidos avós por parte de mãe, realizar a catarse e também voltar a escrever com regularidade, sobretudo no RL. Gratidão a quem leu até aqui. ♥

O INVENTÁRIO

PRÓLOGO

O automóvel seguiu na pista direita até que virou em uma pequena ladeira e à esquerda por mais alguns metros até chegar ao destino final: a residência de número 349.

Um casal desceu do carro e de mãos dadas caminhou rumo ao portão. Mudar-se-iam em definitivo quando a reforma estivesse pronta, o que não demoraria a acontecer. Depois de um ano acompanhando as obras todos os dias quando possível era, a sensação de missão cumprida tomava conta deles.

O primeiro filho estava a caminho e enquanto preparavam o enxoval dele, conversavam sobre as lembranças daquelas épocas de pouquíssimas preocupações e se emocionavam com as anedotas que pretendiam compartilhar com o pequeno quando ele já fosse capaz de interagir. Recordavam-se dos tempos em que corriam pelas ruas de barro com as outras crianças, brincando até os pais mandarem entrar, do quanto valia a pena juntar moedinhas e bater palmas em frente ao 349, onde uma plaquinha no poste indicava o preço dos Geladinhos da Chica.

A rua foi pavimentada somente na segunda metade da década de 2010, integrando o pacote de bondades do prefeito obcecado por garantir a reeleição, mas isso não vem ao caso, o fato é que as obras tanto lá quanto em outras partes daquela cidade melhoraram bastante a qualidade do trânsito, reduziram os acidentes e beneficiaram bastante os moradores.

Quatro décadas atrás, um casal apaixonado e cheio de sonhos contemplava a fachada de uma casinha de madeira, a primeira de muitas aquisições, lugar esse que viria a marcar as vidas de todos aqueles que faziam parte direta ou indiretamente de ambas as famílias. Sem habitantes compartilhando de calor humano, o lote era como qualquer outro naquela região, o elemento que transforma uma casa em lar é, sem dúvida alguma, o amor.

Responsáveis pela sustentação física de um lar, as paredes erguidas foram contempladas com ouvidos em excelente funcionamento, mas elas sempre lamentaram não possuírem o dom da fala, histórias de tempos muito distantes gostariam de contar para que as memórias de pessoas queridas nunca se apagasse.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 18/10/2021
Código do texto: T7366668
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