Capítulo 60: Afiando as mágoas O SEGREDO DO PORTA-MALAS (ÚLTIMOS CAPÍTULOS) Parte final

Continuando de onde paramos..:

"Asena salvei é? Não teria tanta certeza assim, mas se você diz, tudo bem. Vejo que sua habilidade em falar sem pensar continua a mesma. Deve ser fascinante viver sem medo das consequências". – Debocha Asena da fala de Red.

__ Ok obrigada Red, já vi que estou sobrando aqui, mas mantenham o clima amigável tá? O ambiente não carece de tanta tensão. Tem mesmo muito a conversar Red! Prazer Asena, espero nos ver novamente. – Se levanta Sara incomodada com a atitude do amigo com ela, deixando claro que percebeu a tensão entre os dois, saindo em seguida.

Sara retorna para casa após ter sido deixada de lado por Red e Asena no Cheiro de Grão, já em seu quarto, ela observa em baixo da cama um envelope que lhe chama atenção.

__ Estranho esse envelope. Ele já esteve aqui? Parece antigo, como nunca o vi aqui? Vou ver do que se trata.

Em voz alta, e com as mãos tremendo levemente, ela começa a ler a história da maçã.

“Uma professora chega à sala de aula e apresenta a turma um novo colega e de primeira um grupo de seis alunos começam

a fazer comentários sobre esse colega sem ao menos conhecê-lo. Então passou alguns dias e a professora reparou a

expressão triste do colega e teve uma ideia para mudar essa situação e disse: “Se preparem, pois a aula de amanhã será

inesquecível para alguns aqui na sala. Podem ir”. No outro dia ela chega e mostra aos alunos duas maçãs e pergunta a todos:

“As maçãs apresentam diferença ao vocês olharem”? Todos respondem: “não, elas são idênticas.” Porém o que a professora

não mostrou foi que um lado de uma das maçãs estava machucado e em seguida pede que os alunos ofendam as maçãs.

“Você é uma maçã com cheiro horrível”

“Eu nem sabia que maçã existia”

“Você provavelmente tem bichos dentro de você, que nojo!”

“Você é nojenta” disse também a professora à primeira maçã.

Depois disso pegou uma segunda maçã e disse a elas palavras gentis e amáveis e pediu que todos repetissem com carinho.

“Você é agradável”

“Você tem uma cor linda”

“como é única, lembra o amor a sua cor”.

“Seu bom gosto é insubstituível”

Após tudo isso, ela as cortou e explicou a diferença entre as maçãs.

“Lembram quando mostrei a primeira maçã”? “Pois é, ela não está bem, não é mesmo”? “E é exatamente assim que nos

sentimos quando alguém nos diz palavras tão cruéis, especialmente quando se trata apenas de uma criança inocente que

buscava um amigo. Isso acontece com cada um de nós quando desprezados por alguém. E assim vos digo que se não

cortasse aquela maçã jamais saberia o que é a dor e o tanto que ela sofreu”.

Os olhos de Sara se arregalam assim que ela acaba de terminar de ler a carta, seus pensamentos se agitam e imediatamente em sua mente imagens de seus amigos em uma sala de aula dando risadas de alguém com o rosto embaçado no centro de uma roda, se forma e ao mesmo tempo sem entender o motivo ela visualiza o alerta de LV sobre seus amigos terem feito bullying. A história cai como um soco em seu estômago por ser a realidade, mas ela fica confusa em quem estaria no centro.

__ Não, não pode ser verdade. Ele estava certo? – diz se levantando abruptamente deixando a carta escorregar de sua mão e caindo no chão.

“Como pude ser tão cega? Foram mesmo eles... O que me intriga agora, é com quem eles fizeram essa barbaridade?”

Sara então se sente traída, tanto por seus amigos, quanto por si mesma. A raiva e a dor se misturam, criando em sua mente uma tempestade emocional. Com lágrimas em seus olhos, ela pega a carta do chão, firmando uma determinação em seu olhar decepcionado.

__ Eu tenho que fazer algo, isso não pode continuar assim. – afirma tentando processar tudo que leu, enquanto a sua mente também se questiona.

"O que fazer agora? Perdoar? Seria fácil, mas esquecer? Não sei, acho impossível".

De volta ao Cheiro de Grão, Asena e Red finalmente ficam a sós. Ela sem rodeios vai direto ao ponto, o que deixa Red completamente tenso, pois sabe que seu passado o compromete.

__ Então Red serei direta. Não me conhece, mas sei muito sobre você, o suficiente para dizer que tem algo do seu passado que não foi enterrado. Ele está de volta, e precisará lidar com isso. – Explica franzindo a testa.

__ Asena, não é? Está enganada, mas saiba que detesto relembrar o passado, isso é coisa para gente velha e quem guarda esse tipo de coisa é museu. Afinal, do que está falando? – Debocha ele, mas demonstrando interesse.

__ Simples e direto, sou uma velha amiga de seus pais, a mais próxima que tinham. Confiavam tanto em mim que estou aqui, a única coisa que sei é que te deixaram uma herança. – Surpreende ela dando um sorriso leve.

__ Herança? Não pode estar falando sério, o que isso tem haver com meu passado? Tudo bem, onde está? Não posso me dar ao luxo de manter o benefício da dúvida, pode ser perigoso. – Recua Red, ainda hesitando sobre a herança.

__ Calma! Antes quero que saiba que se cair em mãos erradas, as consequências são devastadoras. Acredite! Vai interferir no seu destino e de muita gente, você vai entender do que estou falando. – Alerta Asena baixando a voz.

__ Garota, garota! O que está me escondendo? Chega de enigmas! Não posso perder tempo com bobagens. – Afronta Red irritado.

__ É tudo que posso dizer, não se trata de uma loucura. Um objeto Red, não sou de brincadeiras. É bom se apressar e receber com cuidado a carta e esse objeto. O passado pode se levantar de novo e você é o único capaz de decidir se vai enfrentar ou permitirá que ele te destrua de vez! – Explica Asena com firmeza, o encarando entregando uma caixa pequena e uma carta.

__ Mas o que é esse relógio? E essa carta? Se o que você me diz é verdade, não isso não pode estar acontecendo, não de novo! Maldição, esses fantasmas não vão me destruir, não hei de cair, não vão me pegar! – Assume Red ter uma dívida no passado!

__ Precisa agir e depressa! Só uma dica, o tempo é precioso, não se dê ao luxo de evitar! Boa sorte Red, você vai precisar!

Red está sozinho em seu esconderijo após conversa com Asena, cercado por sombras e lembranças. Ele passa a mão pelo rosto perdido em seus pensamentos, sua mente viaja de volta a uma conversa recente que teve com Sara no Cheiro de Grão, em relação a algo que não sai da sua cabeça.

“Engraçado, você Sara sempre teve essa habilidade de provocar em mim esses desejos profundos, aquela conversa que tivemos”. Pensa ele consigo mesmo, lembrando da voz suave de Sara, porém carregada de dor,

Sara.; “Meu pai... Ele abandonou uma criança recém nascida. Só sumiu”.

Red sente um aperto no peito lembrando das palavras de Sara que se misturam com a dor. Ele faz uma pausa.

¨ Espera uma criança... abandonada e recém nascida. Tem algo que se encaixa com o meu passado ou estou ficando louco? Não! Não pode ser”.

__ E se essa criança for eu? Claro... É como um quebra cabeça, cada peça que se encaixa, só trás mais perguntas, ou nesse caso, não. Pior trouxe uma resposta, o pai dela deixou uma criança abandonada, recém nascida... Só ligar os pontos! Não percebe Red? Essa criança indefesa, rejeitada, é você, sempre foi você!

EITAA! UMA BOMBA CAI NO COLO DO VILÃO, GRAÇAS A UMA CONVERSA E AGORA ALGO DO PASSADO VEM À TONA. E SARA COMO LIDARÁ COM A DECEPÇÃO DUPLA? E ESSA HERANÇA DO QUE SE TRATA? PARA MUDAR O DESTINO A COISA DEVE SER SÉRIA!

NRD
Enviado por NRD em 12/01/2025
Reeditado em 15/01/2025
Código do texto: T8239632
Classificação de conteúdo: seguro
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