Oração de um ateu pra Deus

Deus, meu camarada. Onde tu tava com a cabeça quando resolveu criar o homem. Voce pisou na bola. Criar esse troço que mata a natureza, destrói rios e mares. Esse ser que, movido pela ânsia, em busca pelo vil metal, contamina o ar, as nascentes. Esperava mais da sua criatividade. Mas, ao olhar pelos séculos vejo só miséria, fome e milhões de pessoas, ainda no ventre da mãe, condenadas a morrerem sem poder contemplar a chuva, o sol e a lua. E as guerras? Teve até guerra santa! E falam que lutavam por você. Meu camarada, c precisa dar um jeito. Ó, tem um tipo de gente que acha que é tu. Faz alguma coisa. O cara julga seus filhos e ele mesmo não cumpre a lei. Ah! Aqui no Brasil, ele tem auxílio moradia, enquanto seus filhos, Deus, dormem ao relento. Deus, desculpe se estou parecendo fofoqueiro, mas tá osso viver essa vida; põe um breque nisso. Deus, prá terminar, vou entregar uns sabichões: os caras, na maior cara larga, constróem um templo dizendo que é pra tu. Ó, moro perto desse templo, mas tu não tá lá não. Vejo um bando de gente falando que vc disse isso ou aquilo..,. e que para terminar sua obra, seus filhos – digo, seu rebanho, assim falam os sabichões – precisam colaborar com um tijolinho. E, ó, Deus, acho que tão usando seu nome à toa, afinal, os sabichões andam de jato pra cá e pra lá, moram em verdadeiros palacetes, andam em carros importados. Falam tanta coisa de vc que cada dia esses mercados da fé estão cada vez mais cheios. Ouço de tudo, como disse, moro perto desse templo, mas o que sei mesmo, é que tu não mora lá. Tudo que falam, eu sei, que é mentira. Ó, é isso, valeu