Cacos sentimentais.

A dor me escapa pelos dedos.

Sinto a solidão fria e gélida que escorre pelas veias de um morto vivo.

Vida devassa, negada por muito tempo e escondida aos olhos cristãos.

Cristo, bela palavra, dor mais tarde vivida que exalta a cada dia tal nome.

Sentimentos se perdem no tempo e se misturam a falta de fé.

O tempo se vai como água que cai de um copo furado.

Tento conter os sentimentos nela impregnados, mas é inútil.

Música suave se torna tortura diante de tanto tormento e dor.

A alma chora sem parar, esvaindo-se em pura falta de esperança e fé.

A crença antes existente, torna-se oculta e ausente em muitos momentos.

O mundo se torna solitário em meio a multidão de rostos.

Sinto cada pedaço de mim se tornar único e independente, mas de certa forma quebrados como vidro frágil após uma quedá livre.

Se tornam tão pequenos e inúteis que nem mesmo colados serviriam para algo.

O sentimento frio, calor da alma morta, veias sem força, sorriso sem vontade própria, apenas máscara.

Máscara da alma, que insite em existir, e crer, crer em quê?

Nos anjos?No Deus? Nos Deuses? em quê?

A unica certeza que se faz real é de um futuro incerto e cheio de dor por não crer.

Que eterna seja então a dor, a vida, a morte e o que chamam de felicidade.

Que a luz se faça em meio a escuridão que hoje impera e reina em minha alma.

E que um dia, ao menos um dia eu restaure em mim os cacos sentimentais perdidos no tempo.

Senhora da Luz
Enviado por Senhora da Luz em 17/01/2006
Reeditado em 17/01/2006
Código do texto: T100180