Sobre mim
Hoje, depois de muito tempo, muito tempo fugindo de textos que falassem sobre o que eu sentia e todo o tempo tentando fazer quem lesse se identificar com as linhas, percebi que sou fraca na minha força inútil e acabo sendo forte na fraqueza fútil.
Queria escrever uma poesia e pensei em fazer mais um conto, cogitei começar um livro ou arrumar aquele já iniciado... Ou o outro...
Mas não... Pela primeira vez quero transparecer o que estou sentindo aqui, em linhas bem programadas e pensamentos bem arranjados.
Solidão depois de tantos dias acompanhada...
Medo depois de tantas horas marcadas e compassadas...
Insegurança após me certificar tantas vezes se a porta estava realmente fechada...
Ansiedade depois de tudo que me fez ter calma...
Hoje... Olhei algumas fotos antigas e me dei conta do tempo que passou...
Percebi a fragilidade de meus ossos junto à fragilidade de meu peito...
Notei a sensação constante de desapego que carrego no coração mesmo que tudo que eu tenha seja amor...
E senti mais uma vez aquela vontade louca de chorar ainda que as lágrimas não viessem acompanhadas de motivo...
Algumas lembranças se fazem presentes e um emaranhado de pensamentos as acompanham... E eu como sempre me entrego sem hesitar...
Um desabafo é um desabafo... E essas linhas estruturadas não são um desabafo...
É apenas uma forma de mostrar que estou viva... Talvez provando à mim mesma depois de um dia todo de mudanças em rotinas... Que posso tocar as nuvens sem saber voar...
Posso enxergar no escuro sem luz nenhuma acender...
Posso sentir o calor de um abraço sem me aproximar...
E ainda posso tentar sem saber por quê...
E no final... Mesmo que reste só a mesma solidão de sempre...
Vou pelo menos ter a plena certeza que o tempo passado me ensinou algumas coisas...
E quem sabe... Nesse final... Eu encontre um recomeço...
Quem sabe nesse instante... Haja então o que mereço...
E a poesia possa enfim ser escrita...
Um conto novo feito...
Mas hoje...
Hoje apenas algumas palavras soltas e sem qualquer nexo... Se misturam aqui...
Apresentando o que mais me preserva...
O que mais me reserva...
Um pouco mais de mim...
E quando eu enfim sentir a essência da minha própria escrita...
E quando enfim... O nada tornar-se algo e o algo tornar-se enfim...
Eu serei bem mais eu...
Mas continuarei assim...
Pois simplesmente não há nada mais sagrado que o seu reflexo no espelho...
Cada marca da idade mostrando que sua aparência mudou...
E cada sensação nostálgica... Presente... Qualquer...
Provando que tudo está como antes...
Como sempre... Continuou...
“Nada é tão escuro como parece, nem tão claro como deveria ser”