JUNTOS AINDA QUE DISTANTES

JUNTOS AINDA QUE DISTANTES

Marcial Salaverry

Esta frase foi escrita por uma pessoa muito especial, querendo se referir ao fato de duas pessoas poderem se sentir juntas, mesmo que não o estejam fisicamente.

Para tanto, é necessário duas coisas. Primeiro, tem que haver um sentimento muito forte unindo essas pessoas, de modo que a distância não as impeça de se sentirem juntas.

Claro que tem que haver uma grande força de imaginação para vivenciar a presença de alguém que não está a nosso lado.

Essa é uma forma de amor quase que espiritual. Não direi platônico, porque sempre existirá o desejo do contato físico, e o amor platônico é aquele definido como algo etéreo, que existe mesmo só na imaginação, e a, digamos, "vítima" se limita à contemplação do vulto amado.

Neste caso de amor distante, pode haver um conhecimento físico. As pessoas se viram, se gostaram, mas por motivos diversos se separaram. Todavia, houve uma forte atração. Então, fica aquele amor à distância. Eventualmente falam-se, escrevem-se, mas não se vêem, o que não impede que o sentimento cresça.

A distância pode ser algo de definitivo. Abandono, morte, simples sumiço, sabe-se lá as razões que podem separar duas pessoas. Porém, a presença ficou marcada de tal maneira, que por vezes se chega a sentir a presença ao lado. Chega-se mesmo a sentir o cheiro.

Nos velhos tempos, muitas pessoas foram conquistadas com cartas de amor, com poesias enviadas anonimamente. Houve muitas paixões epistolares (como se dizia antigamente), que o conhecimento físico jogou por terra. Ou não. Mas era lindo receber-se uma carta de amor, geralmente anônima. Ficava-se amando quem escrevera aquela carta. Imaginava-se como ele (a) seria. Encostando a carta no peito, sentia-se o abraço do amor desconhecido. Lindo. Poético. Romântico. De verdade, sem gozação...

A tecnologia não conseguiu quebrar esse romantismo. Ainda bem. As poesias escritas em papel perfumado e entregues sorrateiramente, foram substituídas por lindas poesias enviadas via Internet. As cartas de amor, que geralmente eram colocadas à socapa (já que era antigamente, vamos empregar termos antigos) por debaixo das portas, agora foram substituídas por e-mails. Mas o efeito continua o mesmo. Ainda despertam o romantismo e o amor.

Ainda bem que, se o mundo mudou, os sentimentos não mudaram. Ainda existem pessoas que se emocionam com palavras doces e românticas, e que ainda conseguem sentir aquele "calorzinho" interno ao receberem correspondências. E que conseguem ter a capacidade de "sentir" a presença de quem lhe desperta doces sentimentos.

Sente-se o contato do corpo, como se o abraço fosse real... Sente-se até mesmo o orgasmo... O gosto dos lábios... O amor é vivido... sentido. O prazer é autêntico, real...

É sinal de que ainda está viva a chama interna. É preciso ter muita capacidade de amar, para esse "amor à distância", para não sentir a exigência física.

Por que não se juntam, já que se amam? Por que? Porque, oras. Razões mil podem impedir esse encontro físico, que até mesmo pode "quebrar o encanto" do amor espiritual.

Muitas vezes é gratificante estar-se "juntos ainda que distantes". Pode ajudar a esquecer mágoas ou sofrimentos recentes, que uma presença física poderia até mesmo reavivar.

Pode mesmo, ajudar a reencontrar um caminho.

Enfim, mesmo que distantes, vamos procurar, juntos, ter um LINDO DIA.

Marcial Salaverry
Enviado por Marcial Salaverry em 15/04/2005
Código do texto: T11462
Classificação de conteúdo: seguro