Ouvindo o silêncio

Minha voz instrospectiva no entanto, ninguém a ouve,

senão a garça felina submersa na sombra deste meu pensar,

que de tanto vagar pelas vastas planícies dos anseios

se prostra à frente de pelejas estagnadas

e se enternece na miragem, que agora me embriaga,

graças ao silêncio que esta voz muda me proporciona, humildemente se retraindo, feito velas infladas no cais,

sumindo daqui para emoldurar acolá.

Deixo minha alma libertada da amarra até os limites da liberdade, ventar por estes verdes pintados de sol,

logo laranjais esverdeados,

depois lenitivas castanhas de bronze,

que enegrecerão rapidamente,

deixando surgirem as luzes.

Ah! quantas luzes errantes se abrirão simplesmente

num desfile mudo parado e extasiado,

como esta minha voz inaudível e tímida,

perfeita e desolada se escondendo de mim ...

Santos-SP-22/03/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 22/03/2006
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