Hoje.

Descobri que quero a verdade, mesmo que doa.

E que quero ouvir tudo, acompanhando cada movimento de pupilas, e não mirando meu próprio reflexo distorcido nas íris vítreas da rotina.

Que prefiro um xingamento sincero, à um dar de ombros de mentira.

Prefiro um caminhar sem rumo procurando algo, do que esperar até que nada aconteça. Eu quero ação, sem me importar com a reação.

Eu quero sua crítica, não o seu perdão.

Eu quero seu amor, seu ódio, sua tristeza, seu gozo, suas trevas, sua profundidade e sua leveza. Quero seu fígado, sua alma, seus olhos e coração. Quero tudo que não posso ter, ando perdendo tudo que tinha; de quase tudo que fazia questão.

Poderia culpar Jesus, ou dizer que 'O Grande Escritor' está perdendo a mão dessa história, ou então aguardar algum tipo de salvação, mas não. Eu vou pegar a caneta e recomeçar sem me preocupar se essa porra vai rimar, se vai fazer sentido no final, se vou rasgar, amassar, queimar, esquecer ou publicar. Mandar se foder, sabe?

O que é, o que é?

Qual a semelhança entre o palhaço do circo

E a garota do Cabaret?

Já amanheceu e ainda procuro respostas na minha sala

No meu silêncio esfumaçado de cigarros e café.