Ser, encanto entre névoas...

Ao lançarem a chama entre as humildes pedras...

enquanto suam de medo os mil poetas...

do vale de névoa surge aquele encanto...

de um ser medíocre como seu reflexo...

de um ser sozinho como sua mente...

que descansa nua em seu corpo...

que destrói sua vida e o dá nojo...

que o deixa livre, porém ausente...

mas o ser sorri como ele mesmo...

de um pardal que gira beijando a flor...

mas eis que surge a voz suprema...

e lhe tira a graça de vida e amor...

e lhe manda nadar entre tantas penas...

de outro pardais mortos em cenas...

de um filme vermelho, cinza, negro...

onde o ser chora águas de sofredor...

e implora, em nome das lágrimas agora...

que lhe deixe a mata, ao menos uma flor...

pra que tire da memória a imagem daquele dia...

em que um pardal voava e tão alto dizia...

- Aqui estou, triste, mas sem rancor...

Epa Filho
Enviado por Epa Filho em 11/04/2006
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