REGISTRO DO FIM
Nuvens negras presenteiam o dia no desértico caminho
E o cheiro de enxofre infesta o jardim há muito morto
Ali há um corpo dentre muitos, sem que seja tão especial.
Sua história ou estória, não fazem mais importância.
Pois sua origem também aqui neste lugar morreu
Não há dor por que não existe mais vida
E o resquício ressequido da sua longa lágrima
Confunde-se com os insetos que descem ao chão
Hora manhã, hora crepúsculo em pleno meio dia.
E as baratas, ah as doces baratas festejam a vitória,
De sua longa estadia neste injusto e primitivo mundo
Pois nada e nem ninguém conseguiu destruí-las
Orgulhosos e prepotentes seres humanos
Fizeram desta insolente premissa, o decreto final.
E tão sábios pensaram ter sobrepujado o mais tolo
E não viram que os tolos mais antigos venceram
Levando seus pensamentos e sentimentos vulgares
Venceram a ignorância com a covardia, que não mais,
Que mais uma fútil e descabida amostra da primeira
E o estranho foi violentado pelo agressivo medo
De não ser único e conquistador do terreno
E a inocente paixão foi transformada em obsessão
Os heróis sempre apareceram para tentar evitar
Mas todos foram mortos física e filosoficamente
Pois estes propunham ao contrario do resto, que impunham.
E neste grande inferno de registros de erros
Todos celebram a letargia que trouxe o mesmo destino
E ninguém se pronunciou como culpado
Pois todos vulgarmente declararam-se inocentes
Vampiros, de vidas, de sonhos de oportunidades,
De igualdade, direitos e deveres, perderam suas presas.
Pois conseguiram o inevitável para quem não escuta
O sussurro de alerta, não vê a centelha na noite,
Não toca o que pode ser salutar ao doente espírito
Em decrécimo do terreno das simples sensações.
No registro desta jornada que fora totalmente inútil,
Não precisa mais lembrar-se de exatamente nada.
Pois tudo o que foi criado apenas foi o funesto teatro
Do que na verdade poderia então ter sido
Pois não existiu tão sonhado começo.
Aqui nestas paragens desérticas
Onde cadáveres festejam com as baratas,
Somente o Fim... Fim... Fim... Fim...