Pensamentos íntimos - Anjo mau, bom demônio
O que se esconde atrás do sorriso?
Em que universo irreal se escondeu minha alma
que agora recusa mostrar-se.
Que mistérios tenho a guardar que não me mostro
por inteiro.
Qual o motivo da minha inquieta fuga
senão o de me alcançar em desabalada carreira.
A dúvida da fuga não é par onde
e o motivo dela não é o de que ou de quem.
Dúvida e motivo se perdem no porquê sem resposta.
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Memória, armadilha traiçoeira do tempo.
Não sei porquê me perco em divagações nostálgicas
e chego à conclusão absurda de que sou mais velho do que eu,
chego à lógica inaceitável de que nunca fui um só.
Sou um parasita do meu próprio corpo.
Quantos eus se misturam na efervescência da minha mente,
qual desses muitos é o verdadeiro eu? Não sei.
Quanto de mim é poeta, boêmio, solitário, solidário?
Quanto de mim é mentiroso, sofista, sincero, cínico, cívico?
Quem domina? Anjo ou demônio?
Hoje é dia de dúvidas, escrevo o que foge ao meu estilo,
mas eu á tive algum estilo para fugir dele? Não sei.
Hoje é dia de dúvidas que permanecerão sendo dúvidas.
Rio de Janeiro, 10/05/1984 – Aos 19 anos, filosofando sobre eu mesmo