Sem ânimo para as coisas mundanas

Domingo chuvoso. Mais um entre tantos aqui na Ilha de Santa Catarina. Como não estou para conversas, peço a gentileza de não me lerem, pois estas linhas brotam como forma de desabafo de um cara sem saco pra porra nenhuma, e por isso nascem tortuosas, sem ânimo, ofuscadas pela rebeldia insana sem fundamentos práticos. É que não aguento mais o cheiro e o gosto desse nosso mundo: odor de sexo barato, de puteiro de beira de estrada e gosto de grana fácil. Queria eu estar inspirado para compor uma bela glosa, ou então publicar nesse espaço algumas linhas literárias. Mas como eu poderia, se amanhã terei que sair cedinho de casa para ganhar dinheiro para um banqueiro e um grupo de acionistas (extorquindo pobres trabalhadores como eu), que a essas horas estão em algum belo arquipélago, como o das Ilhas Seychels, ou outro paraíso na terra? Admiro os grupos políticos fortes, não esses grandes partidos que fazem os grandes e monótonos espetáculos (previsíveis, eis o maior pecado) eleitorais, mas sim esses pequenos grupos independentes, ou esses partidos revolucionários filiados à LIT, mundo afora. Eu os idolatro porque vejo neles uma verdade a qual o mundo não está acostumado. Uma verdade que expõe todo esse odor pútrido que exala o mundo. Estou de saco cheio!! Queria lutar, mas não me sinto animado, queria correr, mas não tenho para onde, queria falar a (minha) verdade, mas não tem quem me ouça. Então o que fazer? Disseram-me que trabalhar é a melhor opção. Mas as minhas escolhas? E meu direito à preguiça? Bem, ao menos não sou um negro ou um índio num país feito de racistas. O mundo está repleto de salvadores... O último, o da moda, vem do norte, das terras do grande império. E assim vamos andando e, a partir de agora, à espera do seu Godot, isto é, de Obama. Vamos a ver quanto tempo durará a garrafa de oxigénio.