Anais Nin

“Já não é uma questão de amor, é a questão da passividade e actividade. A minha actividade torna os outros passivos. Eu quero ver Henry, e o facto de actuar em conformidade rouba a Henry a liderança a agressiva; e eu escolho esse tipo de homem, sempre. O homem passivo. Mas a ironia aqui é que Henry também é sexualmente passivo – tornou-se-me obvio hoje que aquilo que o desnorteia é que estava habituado a que June «o montasse» sempre, June e as prostitutas, e eu - sendo inteiramente latinae sexualmente passiva - eu nunca lidero; eu espero pelo seu prazer. E Henry não está habituado a isto, a ter de tomar a responsabilidade do seu desejo.

Esta descoberta foi para mim um grande choque (acrescentando isto ás historias de ser tão procurado, cortejado pelas mulheres, seduzido por June). Estou a colidir com algo tão feminino como Hugh, mas agora descubro isto; a sua ênfase em ser fodido, o ensinar-me «ataques» - liderança.

Tudo isto provocou uma grande revolta na minha fminilidade. Amaldiçoei a minha cegueira. Apercebi-me de que não me tinha afastado tanto do meu tipo de homem, o homem fraco cujo a fraqueza me mata. Fiz tudo para encontrar um líder! E sou novamente enganada. Henry e eu podemos «reajustar» - podemos chegar a um compromisso. Se eu puder tornar-me mais agressiva. Mas a falha existe, a fissura. E eu não me submeterei a ela. Eu não amarei um homem fraco, não o farei. Essa sensação, que me é tão familiar, de ser invencível voltou a assaltar-me, terrível, pavorosa. E eu vou derrotar o meu destino. Eu vou fugir a esta fatalidade.

Durante todo o dia tive consciência dessa fissura, da fissura na nossa harmonia, duvidas. Duvidas. Um enorme desejo de fugir. Cada uma das acusações de June referentes á passividade de Hnery é verdadeira. Mas eu contara que Henry se tornasse homem quando confrontado com uma verdadeira mulher – uma fêmea verdadeiramente passiva. E ele esta perplexo - perplexo com a minha submissão. Ansiara por ela, e agora esta perplexo, desorientado. E eu sofro tremendamente, porque o amo, e só a ele, mas tenho de o abandonar.

Desafiadoramente tenho de o abandonar como amante. Eu não quero ser o líder. Recuso ser o líder. Quero viver obscura e magnificamente na minha feminilidade. Quero um homem deitado por cima de mim, sempre por cima de mim. A sua vontade, o seu prazer, o seu desejo, a sua vida, o seu trabalho, a sua sexualidade como fundação, comando, o meu eixo. Não me importo de trabalhar, e defender o meu terreno intelectualmente, artisticamente; mas como mulher, oh, meu deus, com mulher eu quero ser dominada. Não me importo que me mendem aguentar sozinha, não me agarrar - tudo isto eu sou capaz de fazer - mas hei-de ser perseguida, fodida, possuída pela vontade de um macho quando ele quiser, á sua ordem.

«Je suis effreyablement triste.»

E pensar que a qualquer momento podia encontrar o que quero num homem da minha própria raça, e que deles eu não quero porque não posso curvar-me perantes ele enquanto mente. Qualquer espanhol me tratara como eu desejo ser tratada sexualmente… C’est stupide. “

by: Anais Nin

Livro: "Incesto"

SophieVonTeschen
Enviado por SophieVonTeschen em 01/05/2009
Código do texto: T1570180
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