Várias faces do mesmo Eu

Sou metade de tudo.

Metade do que sinto é bom,

Metade do que vivo é ruim,

Metade do que quero eu posso,

Metade do que não quero eu vivo.

Fração que só debita de meus dias

A flor do viço que me empolga.

Fecundo coração que tanto ama,

Que se atira, que se lança,

Que vive de chagas abertas, feridas

Que sangram as tristezas da vida,

Pela dor de não ser porto nem guarida

A quem me pede pouso ou colo.

Boca escancarada por sorrisos de deleite

Ou de choro convulsivo.

Metade do que sou eu quero ser,

Nem metade do que quero ser

Eu sou.