Versos de Janela - parte 1: Eu sonho

(abril, 2006)

Pela minha janela eu posso ver o céu

sou abraçado pelo sol

sou descoberto pelo luar

Eu vejo homens trabalhando, pessoas vivendo, árvores crescendo

e o vento me faz sentir frio

Há mil pessoas em volta e eu ainda estou sozinho, ainda estou jogado num canto

(se eu não posso ser, eu sonho)

Pela minha janela eu posso ver o passado

uma criança amada e odiada

uma criança que constrói seu próprio mundo em peças de um brinquedo

Crescendo e aparecendo

e aprendendo que alguns sonhos não se tornam realidade

Eu tento atingir o futuro, e tudo o que vejo é bruma

(se eu não posso ver, eu sonho)

Pela minha janela eu vejo a vida

pessoas passando, vestindo anéis e máscaras

"why can't we be ourselves like we were yesterdays?"

Ouço canções e vejo rostos

(realmente são sinceros?)

Meus tênis sujos me dizem que eu não sou assim tão esperto.

Quem sou eu pra julgar o mundo?

Quem sou eu pra salvar o mundo?

Pela minha janela eu vejo o mundo

Países, bandeiras, hinos e bombas

Vejo TV, pago minhas contas, faço tudo o que eles mandam

Vou ao cinema, uso meu cartão de crédito

vou à escola, tiro minhas notas boas

visto as roupas certas, faço as escolhas certas

Sou o Mr. Nice Guy

E ainda estou sozinho, ainda estou colocado de lado

(se eu não posso amar, eu sonho)

Pela minha janela eu vejo a chuva

Eu podia ir lá fora, lavar meu corpo e alma

mas há tanto ainda a se fazer hoje...

Fecho a vridaça e consigo ver a mim mesmo no reflexo

e eu vejo sonhos

e eu vejo todas as palavras tristes

e eu vejo todas as lágrimas derramadas

e eu vejo todas as garotas amadas

e eu vejo todos os jogos perdidos

e eu vejo todos os corações partidos (e o meu no meio)

e eu vejo o tempo que eu perdi

e eu vejo os erros que eu cometi

e vejo as cores reais.

Eu já vi tudo isso e aprendi a lição

Eu sei manter um segredo

Sei fazer um amigo

Sei ser legal

e ainda estou sozinho, ainda colocado de lado

(só queria ser ouvido de novo)

(mas se eu não posso, eu sonho)

Otavio Cohen
Enviado por Otavio Cohen em 30/06/2006
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