Mais um dia para que?

Para ver as peles do tempo enrugarem o chão pétreo

e os pensamentos ondularem os segundos do tempo,

na corrida enceguecida esvaindo os estímulos?

Por ser a vida divina herança amorosa caída dos céus,

peca todo aquele que desperdiçar suas gotas sagradas,

posando de inerte incompetente expectador displicente!

Viver mais um dia...

um dia a menos para juntar fotos que o tempo amarela

e ostentar vaidades vãs que constroem castelos de areia.

Que seja um dia a menos no calendário,

que cobranças descompensam e castram chances de humanismo.

As horas passarão, ainda que não valorizadas

com sementes abortando intempestiva e criminosamente,

enquanto pessoas indiferentes vêem o tempo ir!

Não é nossa missão empurrar o tempo friamente,

como fosse ele um estranho a quem imputar nossa culpa,

tão pouco disfarçar a própria incompetência,

como o que não vê o elefante no olho.

O tempo são frações de vida que não convém interromper

e para melhor maturarmos nossos frutos,

sincronizemos nossos passos lerdos ao fuso

horário veloz do mundo,

e não padeceremos tristinfinitamente por beijos perdidos,

abraços desencontrados e esquecidos na curva deliciosa do tempo!

Outra vez a pergunta “Mais um dia para que?”

Que tal mudarmos a concepção de infinito para um minuto e

repensarmos a resposta dentro do minuto,

que pode valer a vida?,

ou nada adiantará VIVERMOS!

Santos-SP-26/07/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 26/07/2006
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