TRINTA ANOS DE DROGA

Nos meus trinta anos de drogas

pesadas só o inicio da inocência

me fez crer que não estava a

fazer nada de errado para com a vida.

Informações não havia, ainda não

se tinha descoberto a sida e jovens

como éramos só queríamos divertir

e passar bons momentos juntos.

Até que um dia acordei doente e

a precisar de uma dose, para poder

sair da cama e conseguir fazer a

minha vida de uma forma normal.

Vida de sofrimento foi o que se

acometeu para o resto dos meus

dias, eu dependia das drogas como

para respirar e não ficar doente.

Mil acrobacias fiz para angariar o

muito dinheiro que precisava

diariamente e aos calabouços de

uma prisão fui parar, roubada

a liberdade que há muito me havia

esquecido de como era, tal o

descalabro em que me encontrei

para sustentar os meus vícios.

Sim meus vícios porque para além

da Heroína eu consumia Cocaína

injectável e os dias passando

deixavam-me cada vez mais sozinho.

Lembro o asco e a indiferença das

pessoas para comigo, enquanto eu

pedia um pouco de atenção comendo

o pão que o diabo amassou.

Meus dentes foram apodrecendo e

eu revoltei-me contra mim próprio

e decidi que era chegada a hora

de dar um basta nisto tudo, pois eu

já mal comia e dormia, a toda a hora

a injecção esperada para me dar alento

para sair à rua buscando dinheiro,

para o meu alto sustento de então.

Por isso se me estão a ler dizer que

não me honra a vida que levei mas

também não me recrimino… que

minhas palavras sirvam de alento,

para os muitos jovens que pensam

em experimentar a droga ou o álcool

e que elas sirvam para dizer um rotundo

«não», que a nossa liberdade é preciosa.

Jorge Humberto

18/05/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 19/05/2010
Código do texto: T2266627
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