Tempo de Amar

    
Ontem recebi uma carta, em principio pensei se tratar de mais uma cobrança dessas que o carteiro sempre nos entrega no dia-a-dia. Curioso como todo ser humano, abri o envelope e comecei a lê-la com a devida atenção, por incrível que pareça nela não continha nenhum outro número além do endereço da minha casa.
     Era a carta de um antigo amor esquecido no tempo e guardado a muitas chaves no fundo da alma. Nela só havia palavras carinhosas tiradas da mais profunda emoção. No sopro manso da brisa sentei e pus-me a imaginar revivendo aquele passado tão longínquo, reconstitui todas as cenas, montei um filme e comecei a chorar, porém o choro não era de tristeza nem de perda e sim pelo reencontro de duas emoções que juntas o destino não quis.
     Depois de extravasado todo sentimento postei-me diante da janela, olhei a paisagem e gritei para o mundo interiro ouvir – não sei se ouviu – até que enfim alguém que amo lembrou que ainda existo! O carteiro deixou de ser cobrador e assumiu atividade fim. Dobrei a carta, pus no mesmo envelope e guardei na gaveta; e o amor saiu por aí a disseminar sossego e paz que o mundo um dia sonhou.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 10/07/2011
Reeditado em 11/07/2011
Código do texto: T3086322
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