Claro

Pela primeira vez em muito tempo abri a janela e deixei a luz entrar. Como quem acorda de um longo sono, como quem esqueceu de acordar e quando desperta olha confuso e tenta adivinhar as horas e o dia.

Os olhos doem à princípio, mas depois se acostumam com luz. Entendo a clareza como a ausência da escuridão e o oposto também se aplica. Valiosa era a luz quando não a tinha, pois somente conhecia a sua ausência e a desejava brutalmente por não tê-la.

Tudo que não tenho desejo imensamente. Curioso! Eu não era assim. Eu me alegrava com idéias, com planos, com pensamentos.

No entanto os anos empilharam-se nas costas e tenho experimentado uma frustração impertinente naquilo que é se ausenta.

Da escuridão, fez-se luz. Pela primeira vez abri a janela e não só a luz, mas um vento entrou no quarto e espalhou meus anseios em meio ao clarão.

Laís Mussarra
Enviado por Laís Mussarra em 18/08/2012
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