Meio-Século + 2 ...

O tempo realmente passa! Mal fechei os olhos e já estou com meio-século mais dois anos nas costas!
Quando eu era criança o tempo demorava pra tudo! Demorava pra chegar o Natal; o tempo arrastava pro coelho da Páscoa me trazer a minha cesta com chocolates e marshmellows; as férias nunca chegavam ao fim pra voltar às aulas e reencontrar com os amiguinhos e professoras; e o meu aniversário parecia estar no infinito.
Piorou quando aprendi a dizer as horas! Aí eu via o tempo agir nos ponteiros e toda sua lentidão em querer me entediar ou fazer dormir.
Mas foi só fazer 15 que o tempo resolveu disparar! E tudo foi acontecendo em Fast Forward que mal dava conta que o tempo escorria pelas minhas mãos.
Tantas coisas pra experimentar, e muito que ousar. Também havia momentos de rebeldia e vontade de overdosar em tudo que era proibido (drogas NÃO! NEVER!), ilegal ou imoral! Queria ser o James Dean de saia! Ou a própria ovelha negra que a Rita Lee canta!
Apenas fases ... Pra deixar a adolescência pra trás, eu precisava me portar como mulher. Mas, e como ser esta mulher se nem noção eu tinha? Pois é, antigamente era assim mesmo. A gente aprendia batendo a cara contra o muro! O que ajudava um bocado era ler as revistas Capricho, Sétimo Céu e POP. Se minha Mãe me pegasse lendo isso, ela aprendia! Dizia que era baboseira e só poderia desviar a minha boa conduta. É, boa conduta que eu queria perder, mandar pro espaço!
Chegando aos 18 precisava de mais informações, dicas ... eu tinha fome em saber. Faltava na aula pra assistir a Martha Suplicy na TV Mulher. Enquanto as mães xingavam 'a devassa', os jovens davam graças a Deus por aquela mulher existir e esclarecer as dúvidas mais absurdas! O Clodovil também soltava lá o verbo dele e dizia que ser homossexual não era doença, apenas uma falha nos genes. Martha e Clodovil ajudaram muitos jovens a entenderem a sexualidade com muita naturalidade. Eu aprendi muita coisa e creio que se você tiver entre seus 45 e 50 também deve muito do seu conhecimento sexual aos dois. E assim, muita coisa que eu ouvi dizer joguei fora no lixo!
Fui viver a minha vida! Estudei muito. Trabalhei muito. Beijei ... hummmm ... poderia ter beijado mais, bem mais! Namorei pouco. Deveria ter colecionado mais namorados! Não em exagero, eu bem sei. Mas uns 3 namorados a mais teria sido bom demais! Infelizmente, hoje em dia o namoro tá raro. O que tá em alta é 'ficar'! Ter ficantes, eu jamais tive, e hoje nem gostaria de ter!
O casamento veio, os filhos logo em seguido, as responsabilidades só aumentando e eu perdendo a minha identidade para poder cumprir o papel de esposa e mãe, sem mencionar o papel que exigia muito mais de mim: o de FILHA!
A minha Mãe sempre esperava o melhor de mim, sempre! Como é difícil ser aquilo que a Mãe da gente quer que a gente seja!
Com os meus filhos passei a entender melhor a minha Mãe. Bandeira branca! A paciência, a ternura, o amor e a tranquilidade reinam no nosso mundinho de Mãe e Filha. Ah! E claro, os netos em primeiro plano!
Com a perda da minha Mãe senti o meu chão sumir! O meu mundo só não desabou por causa das crianças, na verdade já adolescentes. E penso comigo mesma o quanto fui feliz em poder ter tido a minha Mãe por 47 anos enquanto muitos nem chegaram a conhecer a deles! E quantos perderam sua mãe ainda bebê ou criancinha! Ou a falta da mãe na adolescência. Não ter a mãe ao lado no nascimento do primeiro filho! Obrigado Deus pela Mãe que Você me presenteou!
E o tempo passa...a vida muda. Transformações, novidades, perdas, danos, nascimentos ... e crescimento!
Pra chegar aqui hoje, não foi mole não! Mas valeu muito a pena. Como a Eleanor Roosevelt certa vez disse:
"I am who I am because of the choices I made yesterday".
(Sou quem sou por causa das escolhas que eu fiz ontem.)

Now, "I don´t wanna miss a thing!"
(Não quero perder nadinha!)
                                 - Aerosmith




Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 26/02/2013
Reeditado em 21/03/2013
Código do texto: T4160259
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