TÔ CANSADA!
Pensais vós que sempre tenho boas palavras? Sempre hei de fazer-vos desligar-vos do mundo, acarinhar vossa alma?
Não! Esta alma aqui também precisa de carinho...
E quando se passam dias de calor infernal, pressões de todos os lados, e o coração ansiando levitar... Ah! Não sabeis quão sofrível se torna tudo, já que em meio a turbilhões se esvai a inspiração.
Pensais vós que sou sempre sorrisos e lindeza? Não! Às vezes torno-me uma fera raivosa pronta a devorar todos à minha frente. Seria até capaz de, com um simples desejar, ordenar destruição: destruam-se todos os de má-vontade, todos os de pífia sensibilidade e que jamais vejam a luz do sol ou da lua. Queimem todos eles! Joguem-nos em fornalhas ardentes!
Sim, sim... Há esse tipo de recheio por aqui! Surpreendei-vos? Ora, ora... Não é para vós, não é este tipo de manjar o que vos quero oferecer. Se ao menos me perdoardes por meu corpo cansado em busca de abraço e afago...
Ou seriam dois corpos cansados a se jogar sobre uma cama e adormecer até amanhecer?
Ei, alguém! Apague a luz. Quero dormir: sonhar sem acordar. Estou cansada...