O CONFRONTO ENTRE A THEOSOPHIA E A RAZÃO

A astúcia, e a malícia dos racionalistas de cima, fazem com que os ingênuos racionalistas de baixo, não percebam a sutileza da escolha deliberada, de um pseudo-oponente, conveniente para a racionalidade e para os sofistas, para ser o seu adversário, quanto aos conceitos sobre as questões mais complexas para os homens, relativas ao Universo, à própria Humanidade e, sobretudo, a Deus. Ora, baseando-se nos conceitos da teologia, que nada tem a ver com Deus, os idólatras da razão consideram que há um confronto entre a Fé e a Razão.

O termo Fé significa “crença, crédito, convicção da existência de algum fato ou da veracidade de alguma asserção”, entre outras concepções, (Dicionário Brasileiro Melhoramentos 5.ª edição) tratando-se, como veremos, de um instrumento do qual a Razão pode lançar mão em determinadas circunstâncias, se o desejar.

A Razão, quando não consegue converter as suas observações, os seus raciocínios e deduções, em algo que ela entenda como um conhecimento, é levada a optar por uma das alternativas: acreditar na sua observação, mesmo sem poder transformá-la no que admita como um conhecimento, ou simplesmente descartá-la. Essa capacidade de “observar” da Razão, tanto está nos seus sentidos, como no seu raciocínio, o que poderá lhe permitir a obtenção de um conhecimento racional, sensível ou elaborado, ou ter que acreditar ou não na sua observação. Havendo algum conflito ou dificuldade, entre definir a observação como “conhecimento” ou como “crença”, ou ainda entre a decisão de descartar ou não essa observação, isso ocorre dentro da Razão e nunca fora dela. Essa Fé, portanto, é um atributo, um requisito ou uma prerrogativa da própria Razão, que então, não pode confrontar-se consigo mesma. Assim sendo, podemos dizer que o grande confronto, não é entre a Fé e a Razão, mesmo porque a Fé não se baseia em conhecimentos, mas sim, na convicção de que existem conhecimentos, de que não se dispõe, mas nos quais se acredita, mesmo sem identificá-los com precisão. (“Não conheço, mas creio. Não vejo, mas creio”.) Quando se conhece e ou se vê, não há necessidade de acreditar, pois o “conhecer” e o “ver” encampam, absorvem ou incorporam a fé, tornando-a desnecessária, como um instrumento em separado, isto, é claro, somente no tocante ao que se conhece ou ao que se vê, e desde que não haja dúvida alguma sobre o que se conhece ou sobre o que se vê. (Hebreus 11;1,2,3) Assim, a afirmação “compreender para crer e crer para compreender” deve ser substituída por “conhecer, ou crer por não conhecer”.

Entretanto, a fé não basta a si mesma, pois somente afirmar que se crê não é suficiente; é preciso viver e agir na boa fé. A validade da fé se concretiza e se consolida, nos detalhes do comportamento ético, espontâneo e constante, que se revela na postura, na ação e na reação, diante das pequenas questões, aparentemente insignificantes, ou das questões que possam ser consideradas as mais relevantes. Esse comportamento é um exercício diário que molda o caráter e que vivifica a fé, tornando-se um hábito do cotidiano. Sem isto a fé não existe, é uma ficção ou uma simples figura de retórica, no jogo frívolo do “faz-de-conta”. É Fé morta. Com efeito, essa Fé tão propalada e explorada pelos astutos sofistas é um mero instrumento da própria racionalidade, à qual denominamos fé racional, ou seja, a crença nos conhecimentos racionais elaborados, integrantes dos grupos de conhecimentos específicos, geralmente de acesso restrito a especializações mais aprofundadas, compatíveis com intelectos mais avantajados. Na esfera das idéias subjetivas, os sofistas alojados entre os teólogos, se apoderaram delas e, exímios na sua exploração, adaptaram-nas ao seu negócio e as comercializam entre as “ovelhas” mais humildes e de boa-fé, as mais numerosas integrantes do seu imenso rebanho, como uma falsa fé espiritual. Contudo, há outro tipo de Fé, que pode ser encontrado em (I Coríntios 12;9) e que se caracteriza no que chamamos de Fé espiritual – de fato --, que faculta apenas a percepção da presença Senhor, e que é um dos nove dons espirituais inseridos nas vocações ou talentos, que na sua diversidade, estão potencializados em todos os homens. Tanto quanto os dons relativos aos Conhecimentos Essenciais, (espirituais) o dom da Fé é um privilégio consagrado na unção do Espírito Santo e aqueles que obtêm essa graça, simplesmente acreditam, vivem e agem espontaneamente, de acordo com essa Fé que, assim como os demais dons espirituais, é uma loucura para a arrogante racionalidade!

Efésios 2;8 – Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus;

Tiago 2; 14 – Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? 17 – Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.18 – Mas alguém dirá: Tu tens fé e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. 26 – Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.

O confronto da Razão, portanto, não é com a Fé, mas sim com os Conhecimentos Essenciais e a Sabedoria, que somente são acessíveis, através das revelações concedidas pela Graça Divina. A Sabedoria manifestou a Verdade que produz a Justiça. A Razão não tem a Sabedoria, (Jó 28;12,13,20,21) portanto ela não conhece a Verdade e não a conhecendo, não consegue e nem pode ser Justa. (Jeremias 5;1) A Sabedoria está na Theosophia, onde a Razão, como tal, também não consegue e nem pode penetrar. A Graça Divina é a única alternativa para o acesso aos Conhecimentos Essenciais e à Sabedoria, e ela, (a Graça Divina) é uma concessão aos escolhidos e, felizmente, a Razão, como “Razão pragmática e radical”, não participa da eleição, nem mesmo como candidata, pois terá que se abstrair de si mesma, conforme (Mateus 16;24) (João 6;44,45,65) (Colossenses 3;5) e ser concessionária da Theosophia. Basta-nos o que a Razão faz, quando pode escolher o que fazer. O Planeta, administrado por ela e submerso no caos, expõe o produto da capacidade da sua atuação. (Isaías 59;1 a 21) (Ezequiel 16;1 a 63) (20;1 a 49) (21;1 a 32) (22;1 a 31) (23;1 a 48)

Na Teologia, estão apenas os conhecimentos racionais empenhados na procura de Deus, cujo limite está na Razão do homem, na sua capacidade de observar e perceber através dos seus sentidos, e na sua faculdade de raciocinar e deduzir, pelo processamento desses conhecimentos básicos ou elementares, combinando-os, associando-os, ou agregando-lhes conhecimentos complementares, prevalecendo aí, a racionalidade subjetiva, porém, sem extrapolar esse limite da Razão. Como a Teologia é um terreno de fácil acesso para os sofistas, ela sofreu uma grande invasão deles e ali se estabeleceu uma grande parte da enorme confusão que reina em Babel, aos quais se juntou também uma parcela significativa de outros sofistas, que se alojaram em alguns setores dos naturalistas. Babel, então, tornou-se mais forte, mais poderosa e todos os sofistas procuram sempre se adequar mutuamente, juntando-se aos príncipes e chefes das cidades, para que haja uma conveniente paz “babélica”. (Ezequiel 34;1 a 31) Miquéias 3;1 a 12) (Sofonias 3;1 a 8) (I Timóteo 4;1 a 3) Entretanto, a Teologia não se conteve apenas na procura de Deus, conforme preconizada em Mateus 7;7,8 e Lucas 11;9,10, pois os sofistas ali acampados assumiram o seu comando, fizeram uma grande e longa reunião, onde adotaram a antropolatria e decidiram restaurar as figuras dos anciãos, dos escribas e dos fariseus, (Mateus 23;1 a 36) e também, “aposentar compulsoriamente” o Espírito Santo. Assim, substituindo-O por si mesmos, passaram a produzir “profetas”, como numa linha de montagem industrial, distribuindo um verdadeiro exército desses “profetas” profissionais, manufaturados, por um grande número de empreendimentos empresariais, que se organizaram em muitas denominações, e passaram a lutar entre si com unhas e dentes, sistematicamente, para atrair uma clientela atônita, perplexa, e cada vez mais desorientada. Então, a Teologia se transformou em “Teomancia” e os seus expoentes passaram a ser os “Teomantes”. Esses empreendimentos, ou denominações, se organizaram em grandes redes, como os supermercados, e se espalharam por todos os lados, estabelecendo cada um deles o seu “modus-operandi”, através de solenidades diversas, regulamentos e normas de funcionamento com procedimentos específicos, conforme os vários tipos de solenidades, inclusive com representações teatrais de fábulas, genealogias e histórias bíblicas. Essas grandes redes denominacionais, consolidaram os seus empreendimentos, mediante a edificação de numerosos templos para os seus atos solenes (Atos 17;24,25) e também muitas escolas de ensino, desde o nível fundamental até o superior, mesclando “ensinamentos”, bíblicos e temporais, visando a preparação dos alunos para as atividades chamadas seculares e também as chamadas ‘religiosas’, estabelecendo assim, a priori, já um entrosamento ou uma vinculação com os seus ensinamentos doutrinários e dogmáticos. Nesses templos, muitos dos “profetas profissionais manufaturados”, literalistas, devidamente preparados nas escolas dos seus mestres sofistas, posteriormente contratados pelas denominações, apresentam-se aos seus adeptos como se estivessem movidos pelo Espírito Santo do Senhor, mas nos termos de (I Timóteo 1;3 a 7) e (I Coríntios 2;4 a 6), uma vez que a unção do Espírito Santo, não é concedida como um “anexo” aos diplomas obtidos nas escolas da racionalidade humana. Há fartura de material sobre esses “profetas”: (Isaías 44;25) (Jeremias 5;31) (Jeremias 10;21) (Jeremias 23;9 a 40) (Jeremias 29;8,9) (Ezequiel 13;1 a 16) (Ezequiel 22;25 a 31) (Ezequiel 34;1 a 31) (Miquéias 3;1 a 12) (Zacarias 13;1 a 6) (Miquéias 1;7) e (Isaías 46;1 a 13), entre outros. A retirada total da máscara dos sofistas ocorre em (Hebreus 10;1,10 a 18), (Tito 3;9) (Jeremias 31;31 a 34) (João 14;26) (João 16;13) e ainda (II Pedro 2;1 a 3). Cabalmente em ( II Pedro 1;16ª21) e ( I João 2;27)

A Unção do Espírito Santo, o passaporte para a Theosophia, se estabelece sob três formas, das quais derivam as variedades de revelações contidas em (I Coríntios 12; 1 a 11). A primeira forma permite apenas a percepção da Presença do Senhor e dela deriva a Fé Espiritual (Efésios 2;8). A Segunda forma faculta o acesso aos Conhecimentos Essenciais, além de encampar a Fé Espiritual. A terceira forma confere o Poder de exteriorizar os Conhecimentos Essenciais, que obviamente ficam, assim como a Fé, embutidos no Poder. Essa exteriorização é a frutificação na videira do Senhor ou a utilização dos talentos recebidos, para a glória do Senhor. Como se observa, há uma determinada seqüência na forma da Unção, a qual está diretamente relacionada às potencialidades espirituais, que integram a estrutura do homem. A terceira forma da Unção é a única que pode se refletir diretamente sobre outras pessoas, pela sua exteriorização, razão pela qual ninguém deverá exercitá-la, sem que dela tenha sido revestido, conforme (Hebreus 5;4,5) e (João 15;16).

Na Theosophia está a superior Sabedoria Divina. Essa Sabedoria emana da casta Virgem Sophia que orientada e conduzida pelo Amor, Jesus Cristo, e estabelecida através do Espírito Santo, concede-se à Alma através de revelações espirituais, determinando um momento de Amor Divino, extasiante, arrebatador, que desata em deleites espirituais inefáveis e orações em línguas, através de gemidos inexprimíveis de adoração! Desta forma, o novo nascimento, o reencontro ou a nova ligação, se concretiza então pelas revelações espirituais e não por meio de especulações filosóficas ou filológicas e menos ainda pelos ecléticos coquetéis teológicos, tanto aquelas como estes, unicamente racionais, oscilantes e mutáveis, conforme as circunstâncias e os interesses da vida material ou da racionalidade. As verdades reveladas são imutáveis, incompatíveis e irreconciliáveis com tais especulações e coquetéis, os quais são desenvolvidos, aplicados ou utilizados no próprio interesse dessa racionalidade. Por outro lado, as revelações espirituais não são fundadas na instrução e nem mesmo na fé racional ou nas obras do homem. A instrução é meramente racional, assim como a fé. A fé deve ser complementada pelas boas obras. As boas obras devem ser executadas no cotidiano, sem nenhum tipo de coerção, mas como uma satisfação pessoal e sincera de praticar o Bem, sem nenhum objetivo de reciprocidade ou de troca. O homem não tem nada para oferecer como moeda de troca para que seja abençoado, pois tudo é d’Ele (Jó 41;11). As revelações espirituais, ou a bênção divina, ou o novo nascimento, ou ainda, a re-ligação com a essencialidade angélica, em síntese, a unção pelo Espírito Santo, é uma concessão que escapa à compreensão humana, e ela pode se converter no dom da Fé Espiritual, em Conhecimentos Essenciais e em Sabedoria, e podemos concluir, que os que foram contemplados com revelações espirituais não sabem porque foram, mas aqueles que não foram contemplados sabem porque não foram, pois somos todos pecadores ! As revelações espirituais são incompatíveis e não se harmonizam com as conclusões racionais das especulações filológicas, e menos ainda com o “imbróglio” dos ecléticos coquetéis teológicos, que se adaptam sem nenhum pudor aos costumes, superstições e tradições regionais, apenas visando à atração do maior número possível de adeptos e de possíveis concorrentes, para o seu território de influência, domínio e exploração.

Não nos esqueçamos, que o vocábulo Filosofia menciona “Sophia”, mas não expressa “Theo”: o termo Teologia menciona “Theo”, mas não expressa “Sophia”; a expressão Razão não menciona “Theo” e nem “Sophia” e não expressa nenhum dos dois. A palavra Theosophia expressa “Theo” e também expressa “Sophia” !

É oportuno lembrar o nome de Blaise Pascal (l623-1662), matemático e físico francês, cujas frases transcritas abaixo, expõem a fragilidade da Razão, quando esta tenta encontrar, através das suas faculdades racionais, o nexo causal ou na sua linguagem, a unificação das suas teorias parciais, onde ela está encalhada há mais de um século. Na segunda frase, encontramos a mesma Razão, escondida em instituições pseudo-religiosas, onde executa a fusão das atividades comerciais com a Teomancia, desenvolvendo uma atividade sui-generis que podemos chamar de “mercoteomancia”, um coquetel de (mercadologia+deus+adivinhação) .

“Ardemos no desejo de encontrar uma plataforma firme e uma base última e permanente para sobre ela edificar uma torre que se erguerá até o infinito, porém os alicerces ruem e a terra se abre até o abismo”.

“Os homens jamais fazem o mal tão completamente e com tanta alegria como quando o fazem a partir de uma convicção teológica”. (Em lugar de “religiosa”).

As guerras religiosas, assim chamadas equivocadamente, pois deveriam ser chamadas de guerras teológicas, ocorridas ao longo da história da Humanidade, assim como as disputas geradas pela rivalidade entre as diversas denominações teológicas, que provocaram perseguições e assassinatos hediondos, representam um atestado que certifica e confere plena validade a este segundo pensamento de Pascal. (Com a alteração sugerida)

Fica, assim, compreensível para os idólatras da razão, que Deus, e os verdadeiros Cristãos, nada têm a ver com as guerras geradas por fanatismos ou sectarismos, por interesses econômico-financeiros ou políticos, que são manchas negras, exclusivas da racionalidade humana. Também as fábulas e genealogias que integram as histórias bíblicas, consideradas “ao pé da letra”, apenas por conveniência, pelos racionalistas, não têm nenhum valor, como se vê em (I Timóteo 1;4) e (II Pedro 1;16).

Definitivamente, há que se entender que a terminação “logia” é uma derivação de “logos” (grego) e que se refere exclusivamente ao “conhecimento racional”, não havendo aí qualquer vinculação com a terminação “Sophia” que é uma derivação de “sofos” (grego), e que se refere exclusivamente à sabedoria. A sabedoria é utilizada no uso ou aplicação do conhecimento, e, como se vê claramente na própria história da Humanidade, ela (a sabedoria) não é propriedade ou atributo dos homens, não podendo ser, jamais, associada a quaisquer atividades ou procedimentos humanos, com raras exceções, onde ocorrem intervenções espirituais, o que equivale dizer, que não existe o Homo Sapiens, mas sim o Homo Habilis. Portanto, não há nenhum confronto entre esse tipo de fé e a Razão, pois ambas fazem parte da própria racionalidade. O confronto existente é entre a Theosophia e a Razão, e neste caso, esta contenda é extremamente desfavorável e desastrosa para a Razão, especialmente para os idólatras da racionalidade, simples “antenas repetidoras” dos ilusionistas de Cambridge, MIT e Caltech.

Provérbios 11;9- O ímpio com a boca destrói o próximo, mas os justos são libertados pelo conhecimento.