Ser Mulher, ser adulta

Cresci. Acho que finalmente cresci. Quem me entende, por meio dessas simples palavras ou desse palavrão? CRESCI. Isso mesmo. Acho que é isso. Não sonho mais com bonecas, nem com príncipe encantado. Nem dou mais risada à toa, nem rolo no tapete com o meu gato. Aquele sorvete de domingo? Ixi, nem lembro qual que eu gostava mais. Demorei pra perceber, mas hoje, quando a vi dizendo que estava cansada de si porque não ria mais, não sorria mais, não sonhava mais, não queria mais, e dizia não e não e não, aí entendi: gente adulta não faz nada disso, não vê fadinha voando, saci pererê pulando, não imagina um beijo no bosque, ou mesmo na pracinha ali em frente de casa, não dança mais sozinha pensando que é artista, não finge que é espião de filme de polícia. Mas pensa sim, em dinheiro, em sacos de arroz que precisa comprar, no próximo ônibus que precisa pegar, nas horas de tédio que o trabalho lhe trará, da depressão do dia-a-dia, da vid....Espera aí, eu não sou isso não! Não penso assim não! Continuo tentando, viajando, esperando. Meus sonhos? Estão aqui ainda, eu sei, maduros, mas aqui comigo. Ai não! Não sou isso não! Se ser adulta é assim, então cresci, mas não desaprendi.

Angélica Nicolosi
Enviado por Angélica Nicolosi em 23/05/2007
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