CONHECIMENTO E SABEDORIA

O Planeta Terra é um minúsculo grão de areia, orbitando num Universo, cuja dimensão o homem não consegue nem imaginar. Nesse belíssimo grão de areia, vive o Homo Habilis, o único animal, numa impressionante diversidade, que detém a racionalidade, a capacidade de observar, pensar, analisar, discernir, raciocinar, experimentar, equacionar, estabelecer conexões, estruturar conceitos e até formular normas incontestáveis. Mas, apesar disso tudo, o Homo Habilis ainda não conhece totalmente o seu Planeta e nem a sua plena biodiversidade, assim como não sabe administrar as suas próprias atividades, para preservar as condições vitais do seu ambiente, apesar de uma trajetória evolutiva de 35.719 anos, sobrepostos aos 34.272 anos da jornada do Homo Primus, o seu estágio anterior à aquisição da racionalidade, completando “69.991 anos”, que corresponde a 99,997 % da caminhada de “70 anos” de peregrinação pelo “deserto”. (Isaías 23;17 e Jeremias 25;11 a 13 / 29;8 a 10) Nessa trajetória, o Homo Habilis adquiriu muitos conhecimentos, restritos à sua racionalidade, mas nenhuma Sabedoria, como mostra a história da Humanidade, que agora se aproxima do seu ocaso. No terreno objetivo [o mundo material] é inegável o grande progresso do conhecimento tecnológico, mas grande parte desse conhecimento foi e continua sendo utilizado erroneamente, destruindo o Planeta e a própria Humanidade, exatamente por falta da Sabedoria.

Como entender essa incapacidade do Homo Habilis em harmonizar os conhecimentos com a Sabedoria? Para que essa harmonização pudesse ocorrer, o Homo Habilis teria que evoluir no terreno subjetivo, (o mundo espiritual) em idênticas proporções à sua evolução racional, e isso não aconteceu porque o Homo Habilis foi seduzido pela cobiça, pelo orgulho, pela inveja e pela ira. Ele não conseguiu compreender, apesar de tanto tempo decorrido e de tantos erros cometidos, até o dia de hoje, que não existem fronteiras territoriais, raciais, ou quaisquer outras, a não ser a fronteira cultural, que é passível de nivelamento pelo intercâmbio de conhecimentos, onde a estúpida hierarquia adotada pela Humanidade teria que ser substituída, por um ordenamento baseado no privilégio do conhecimento e especialmente, da Sabedoria [Sophoscracia] ou algo semelhante.

A Sabedoria extrapola a própria racionalidade e voa muito acima das mesquinharias da Humanidade, pois ela é fruto de uma privilegiada evolução espiritual, cuja visão encampa o Planeta Terra e até as profundezas do Universo, onde somente o espírito pode perscrutar. É evidente que a administração do Planeta seria centralizada, onde um colégio formado por todas as nações, em plena condição de igualdade, seria o gestor e o único a contar com um poderio militar, apenas convencional, para garantir a aplicação das regras democraticamente admitidas pelo Planeta. Sempre que alguma doutrina, filosofia ou uma simples regra qualquer, que sejam admitidas como corretas, mas que não sejam compatíveis com as conveniências do Homo Habilis, elas são descartadas como utopias, e assim como fez o servo preguiçoso com o seu talento, elas sempre foram enterradas ao longo da história da Humanidade. Uma delas, a principal, foi a Doutrina Cristã, que na verdade, nunca foi verdadeiramente adotada, a não ser no jogo de “faz-de-conta” dos “cristãos” da boca para fora. Vejamos o que diz Jacob Boehme:

“A história Cristã é apenas o “berço da criança”, a moldura onde a lei da regeneração é manifestada perpetuamente, e o “homem celeste” cidadão do eterno “mundo-luz”, é trazido à tona no mundo do tempo”. Diz Boehme: “Desejamos de coração que os Cristãos de nome e da boca para fora, possam um dia encontrar a experiência vivida em seu interior, passando da história para a substância”.

Mas as oportunidades se perderam, e como diz a sabedoria popular, “não adianta chorar o leite derramado”, pois não podemos mudar o nosso passado e voltar atrás para construir um novo começo, mas pessoal e individualmente, podemos mudar o nosso futuro, começando agora a construção de um novo fim. O Homo Habilis precisa compreender, que o único instrumento de que dispõe para escrever a sua história individual, na sua curta passagem pelo Planeta, chama-se “livre-arbítrio”, mesmo considerando que uma pequena parte do Universo, o Terceiro Princípio, onde estamos, é como um rolo de filme, onde todos os eventos da existência já estão gravados, incluindo os eventos que ainda não aconteceram. Somos todos, atores desse filme, mas com o nosso livre-arbítrio, que o nosso “Diretor” sabe, por antecipação, como iremos utilizá-lo. O Terceiro Princípio é o mundo das aparências de Platão, onde a passagem do tempo é ilusória, pois o futuro já existe neste mesmo instante e ele, o futuro, é tão imutável quanto o próprio passado. Isso equivale dizer que o destino existe e o nome do filme é Geração Cósmica! Em caso de dúvida, é só consultar Sophia em Eclesiastes 1;9,10,11 e 3;15