A natureza responde II

Mananciais desprotegidos, matas ciliares derrubadas, várzeas assoreadas, córregos canalizados, margens ocupadas, mata atlântica estuprada. Chegou aqui o colonizador já como um gafanhoto, depredando tudo ao redor, mas, pior que os gafanhotos - que se alimentam e partem - deixou descendentes que não foram capazes de aprender com os erros passados, e continuaram defecando no mesmo rio cuja água bebem. A natureza, diuturnamente agredida, até que custou a retaliar. Teremos escudos para suportar tamanha entropia? Gaia vencerá, sempre venceu, premissa básica lastreada em sua descomunal energia latente, cujos mínimos soluços se materializam em desertificação, furacões, terremotos e rochas derretidas. Resta saber se nós, pretensiosos símios depilados, faremos companhia às espécies que extinguimos, ou se usaremos o avantajado telencéfalo para contornar as crises, e fraternalmente coexistir com entes que não precisam poluir para, simplesmente, ser.