O menino que lutava

Era uma vez apenas um menino meigo, inocente e vergonhoso; acreditava em um mundo perfeito e de amizades eternas. Acreditava também que todo mundo pensava igual, e que todos tinham os mesmos direitos e deveres. As horas, os dias e os anos se passaram diante de seus olhos, e em cada “piscar” uma verdade lhe era apresentada. E o coração de criança foi endurecendo aos poucos, ciente de que não poderia mudar o mundo, onde todos sabem que cada um é diferente do outro, mas, que cada vez mais nos exigem um “padronismo” intelectual e social.

Hoje o menino cresceu, obedeceu cada etapa que a “justa” sociedade a obrigou, viu que mesmo com tanta dedicação nada lhe foi recompensado. A “justa” sociedade lhe julga por ser indiferente, e por esse fator pouco lhe dá espaços. Deixa-nos apenas uma pergunta singela: Como é que a mesma sociedade que briga por direitos iguais, é capaz de excluir seus integrantes por mera indiferença?

As vezes brincamos de deus (minúsculo óbvio), achamos que temos direito de dizer que alguém é certo e errado, e somos incapazes de ver nossos próprios erros. Quanto ao menino que aqui era descrito, hoje vive remando contra maré, tentando buscar um "espaçosinho" nessa sociedade hipócrita. Aquele menino talvez nunca consiga realizar seus objetivos, e isso é a coisa mais normal do mundo, o que não é normal é um grupo de seres de mesmo grupo e espécie ser capaz de limitar a vida de alguns de seus integrantes por simples descriminação.

Peço a Deus (pois acredito em sua existência), ou a qualquer força superior que nos rege, que aquele “menino” não desista do mundo, não desista de seus sonhos e objetivos, e acima de tudo não desista de si mesmo. Por que a pior ação que o ser humano pode fazer a si mesmo, é desistir de seu próprio personagem, isso torna o “filme” impossível de final feliz.

Mirante da Serra RO. 28 de março de 2015