PASSAGEM

Enquanto me escondo das vozes lamentando a morte, ouço um canto inexplicável, quase amável, mas os gritos me perturbam, é um choro uníssono, um vento frio e forte, alguém se foi, alguém que eu desconhecia, mas alguém o conhecia, o amava, detestava, esse alguém simplesmente existia, cantava, chorava, talvez mendigasse, talvez viajasse o mundo dos enamorados, do "fumados", dos simplesmente vivos por conveniência. Tanto faz, a música me engana, enquanto penso no amanhã, quando o disco parar de tocar, terei menos um para desprezar, para me desculpar, para amar, ou simplesmente, para dar um bom dia, assim por acaso.