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Demorei tanto para voltar que nem me lembro quando fui. Mas estive lá antes de chegar.

Fiquei dando voltas e hoje percebi a minha volta. Não saí do lugar.

Tudo tão pequeno e escuro, sem vida, sem lugar. Não sei onde me encontrar.

Reporto-me à infância debaixo da cama, livro ou gibi nas mãos e a sensação de estar bem e distante dos gritos do mundo.

Hoje, os gritos ecoaram mais altos e já não caibo debaixo da cama.

Quisera o milharal com a boneca de loiros cabelos, enroladas no trapo e o velho pé de manga, abrigo dos pés em corridas de pega-pega.

Infância de córregos, rios, água de poço, camas divididas, brinquedos feitos por mãos de lágrimas, hoje sei.

Havia alegria naquele espaço de minha vida criança. Hoje ela morreu.

Desenho com lágrimas escorridas o percurso de sua vida e sinto na pele o amor dos irmãos, da mãe, pai, avós.

Saudosas lembranças que são presente, presente demais.

Onde está a criança que perdeu-se de mim...quem a roubou da forma mais doída, arrancada a ferro e fogo. Buscá-la-ei, nem que seja a última coisa de minha vida e quando nos encontrarmos, nem que seja prum último abraço, direi: Você foi a minha metade nesta vida e a levarei para toda eternidade.

Retornaremos e seremos inteiras.

Até breve.

Carmem Lucia
Enviado por Carmem Lucia em 18/05/2015
Reeditado em 18/05/2015
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