SE PARA ( a ) AÇÃO !

"Ao se unir o projeto é fazer-se mutuamente feliz, este é o verbo, quando não se conjuga mais..."

Passos lentos por vezes indecisos, mas que finalmente conduziram à partida. Não se visualiza qualquer motivo para comemorar o que tanto se planejou. Um olhar triste encontrando outro, palavras inúteis são caladas visto que tantas já foram ditas sem nada resolver. Lágrimas!

Ao questionar o motivo do impensado sofrer parece que imergimos em contradição vivencial. Por que dói se há plena certeza de que o importante, hoje, só pode ser conjugado no pretérito? Se a qualidade do relacionamento há tempos não satisfaz e se a convivência é definida como insuportável? Que dor é esta? Um silêncio confuso domina os dias, então descobre-se que entre tantas coisas em mutação, a separação de um projeto, de um sonho e de uma vivência é o que alimenta esta dor.

É um momento em que todos os cantos e recantos ganham voz, que os móveis, a decoração e até a cor da parede provam o quanto a memória é ativa. Não se trata de apego material, pois mesmo que despojando-se de tudo, o que ali fica não é um bem, é uma história, uma vida. Cada escolha, os motivos, os sorrisos, a satisfação, a montagem, os elogios e conforto proporcionado, tudo compõe história de vida, tudo decide doer. Quantas vozes, quanta felicidade, quanto tempo... !

Felizes os que nesse momento precisam lutar com suas próprias lembranças, malandras que insistem em trazer a tona tantos bons momentos, recordações que por vezes negligenciam o lado que não foi bom, ressaltando as qualidades e virtudes do outro. Seria melhor mesmo apenas ter uma bagagem fétida? Não! Foi ótimo ter vivido tantas coisas boas, esta era a intenção inicial... portanto deu certo ! Às favas os tais finais pouco criativos das castradoras histórias infantis, a verdade de alguns é: E durou enquanto foram felizes!

Mas enfim, resta-nos entender e aceitar que na vida a trajetória tem sentido único: avante! Aos que insistem em reviver o passado além da frustração de não conseguirem, resta o vazio de estacionarem enquanto tudo o mais segue...sempre !

Advento de um “auto-matrimônio”, um cuidar-se, um proteger-se e fortalecer-se diariamente, como bem disse uma amiga: o desnudar individual.

O sorriso não tardará a voltar afinal novos móveis, cores, emoções e histórias esperam para serem vividos.

Junho/2015