As consequências de uma educação machista

Até quando os meninos serão educados para serem violentos, intolerantes e preconceituosos?

Vou dizer a razão de meu questionamento. Meu filho é uma criança espontânea, que gosta de brincar livremente. Muitas vezes, ele prefere a companhia das meninas, visto que gosta de brincadeiras mais criativas e menos violentas. Ele aprecia criar personagens e histórias em que possa desempenhar diversos papéis, sem que isso interfira em sua identidade ou seu gênero.

Acontece que os outros meninos da escola o humilham, fazem bullying, o xingam e são hostis. Chegam a bater no meu filho quando ele se recusa a brincar com eles. Na verdade, os colegas querem mandar no meu filho, de modo a torná-lo brigão e encrenqueiro. Alguns desses meninos roubam ou derrubam o lanche do meu filho, roubam o dinheiro dele, fazem coisas erradas e o acusam de ter feito. Já chegaram a quebrar os brinquedos dele. Pelas roupas simples que meu filho usa, disseram que ele não tinha casa, que era muito pobre e que eu e o pai dele não o amávamos. Quando esses meninos percebem minha presença na escola, não expressam o mínimo de respeito e ficam a chamar meu filho de bebezinho da mamãe, para causar constrangimento. Entendo que são crianças e que apenas expressam e imitam comportamentos que observam ao redor. Mas isso tem que acabar. Essa falta de respeito, compaixão e empatia pode torná-los os psicopatas de amanhã. Faltam limite e disciplina a esses meninos.

Maioria das brincadeiras deles é agredir os outros, trocar xingamentos, brincar de guerra com armas de brinquedo. Alguns também gostam de se exibir, ostentando a grande quantidade de brinquedos caríssimos que sempre ganham. Não quero que meu filho seja como eles.

Elias só levava para a escola brinquedos mais simples, o que fazia com que os outros meninos nem se aproximassem dele, nem emprestassem seus brinquedos para o meu filho brincar. Mas quando o permiti levar um brinquedo caro, logo os pequenos interesseiros quiseram ser "amigos" do meu filho. Eles até tomaram o brinquedo dele, uma vez.

Eu converso muito com o meu filho e percebo que sua autoestima é afetada por tudo o que fazem. Ele diz que não tem amigos e isso é verdade. Ele está ansioso para que o maninho nasça, assim se sentirá menos solitário.

Eu brinco com meu filho, mas não é a mesma coisa. Criança sempre precisa da companhia de outras crianças. Mas se essa companhia trouxer a semente da violência, vale o ditado: Antes só do que mal acompanhado.

Meu pequenino deseja ser médico, deseja cuidar de pessoas, quer fazer o bem. Não gosto que ele brinque com armas de brinquedo (a não ser quando simulamos uma luta com o sabre de luz, mas sempre falando do simbolismo da luta do bem contra o mal, não para promover a violência gratuita), não gosto que ele se envolva em confusão, nem quero que ele se torne um consumista e exibicionista. Quero, sim, que ele respeite e ajude as pessoas ao seu redor. Quero que ele valorize as pessoas pelo que são, não pelo que elas têm. Quero que ele saiba viver em harmonia com todos(as), aceitando as diferenças e respeitando a diversidade.

A cultura machista torna os meninos insensíveis, arrogantes, preconceituosos, violentos e intolerantes. Mães que reforçam a cultura machista nem percebem que ensinam os filhos a serem irresponsáveis. Essa cultura é quem forma os futuros "pegadores" e estupradores, homofóbicos, pais que abandonam seus filhos, maridos que traem, espacam ou humilham suas esposas. Eu não compactuo com isso. Acima de tudo, meu filho é um ser humano e isso significa que ele deve aprender a amar e a respeitar seus semelhantes, independentemente de classe social, raça, cor de pele, orientação sexual, gênero, religião, ideologia entre outras coisas.

Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP)
Enviado por Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP) em 21/06/2016
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