O NOVO NASCIMENTO

Quando Jesus Cristo falou aos seus discípulos sobre a necessidade de “nascer de novo”, eles ficaram admirados e confusos, perguntando como isso era possível, imaginando a impossibilidade de que esse evento pudesse ocorrer, pelo ângulo racional. Cristo, lhes explicou, conforme João 3;3 a 12, da forma mais adequada àquele momento da evolução racional e espiritual dos seus discípulos. E concluiu:

“Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade te digo que

ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”.

Contudo, decorridos mais de dois milênios, talvez possamos, compreender melhor e definir mais profundamente o evento, considerando a progressão evolutiva na decorrência de tanto tempo. Podemos então, considerar que o “novo nascimento” ocorre como um “estalo”, um “eureka”, uma “eclosão de um ovo”, ou ainda como um “insight”, ou um “discernimento abrupto”, que explode na mente humana, e que irá se traduzir nos dons espirituais mencionados pelo Apóstolo Paulo (I Coríntios 12;4 a 11, numa hierarquia que vai do básico dom da Fé, até o conhecimento das profundezas de Deus (I Coríntios 2;9,10), sendo que, no exato momento dessa “eclosão”, “morre” o Homo Habilis e “nasce” o Homo Sapiens! Este, como um novo Servo, torna-se apenas em mais um canal, para o escoamento do “Pão da Vida” (o Conhecimento Espiritual) e a “Água Viva” (a Sabedoria Divina), para satisfazer a fome e a sede do Povo de Deus que vaga pelo “deserto”, em busca da saída pelo “Mar Vermelho” (Sabedoria 19;1 a 22), para finalmente encontrar o admirável “campo verdejante”, o último abrigo dos justos e abençoados por Deus.

Com efeito, eis aí o “novo nascimento”, a maior de todas as bênçãos, quando o Espírito Santo adentra o Santuário Vivo, (I Coríntios 3,16) pela Misericórdia de Deus, pelo Amor e pela Graça de Jesus Cristo e pela Unção do Espírito Santo, cuja presença alegre e suave preenche o Santuário Vivo com a Glória do Senhor, que transborda em gemidos inexprimíveis de oração, no êxtase da metamorfose espiritual! Chegamos aqui ao limite das palavras, e o Planeta fica pequeno para conter o regozijo da Alma, que se embriaga na efusão do Espírito! Lágrimas escorrem pelo rosto, só restando louvar. Glória ao Senhor!

O “novo nascimento” ocorre pela Graça de Jesus Cristo e não pelas Leis de Moisés, pois os homens são justificados pela Fé, sem as obras da Lei. Mas a Fé não vem dos homens, é dom de Deus (Efésios 2;8), sendo a justificação, concedida gratuitamente pela Graça de Cristo, oriunda da Misericórdia de Deus, no Amor de Cristo e expressa através da efusão do Espírito Santo. Para a compreensão do enlace entre esses eventos, devemos estudar atentamente os textos (Romanos 2;14 a 16 e 3;23,28 / Gálatas 3;23 a 27 / Efésios 2;8,9).

Assim, surge o “Cristão Novo”, e quer ele tenha sido, até então, um ateu, um agnóstico, um racionalista convicto, um cristão histórico, um perseguidor de Cristãos à moda antiga (Apóstolo Paulo, Inquisição, Estado Islâmico), ou à moda moderna (integrantes de seitas “religiosas”, falsos profetas, sites ou blogs na Internet), daí em diante ele se torna outra pessoa (como o Apóstolo Paulo), e nunca mais voltará a ser a mesma pessoa que existiu até o “novo nascimento”. Mudam as suas convicções, os seus costumes, o seu comportamento, os seus interesses e também os seus objetivos. O mundo material perde a sua maior importância, cedendo o lugar ao maior interesse pelo mundo espiritual. Todos aqueles estereótipos morrem diante do “novo nascimento” do verdadeiro Cristão. Eis que surgiu uma nova vida para o “Cristão Novo” e, dependendo da hierarquia dos Dons que lhe forem conferidos, desde a Fé básica, até o conhecimento das profundezas de Deus, o novo Servo do Senhor não enterrará os talentos que lhe forem entregues, mas irá aplicá-los gratuitamente, para que produzam os devidos rendimentos para o Senhor que lhe conferiu os talentos.

Os Profetas Primitivos, com todas as peculiares dificuldades da sua época, até arriscando suas vidas, se deslocavam por todos os lugares, levando a Palavra do Senhor, tanto aos da circuncisão, por conta de Pedro, como aos gentios, que ficaram por conta do Apóstolo Paulo. Certamente, nos tempos atuais, os Profetas contemporâneos dispõem de melhores e mais eficientes recursos para a difusão da Palavra, pelas facilidades de locomoção, ou mesmo pela ampla penetração da Internet! Mas a evolução, nestes dois milênios, trouxe também problemas compatíveis, como a formação de inúmeras redes de supermercados da fé, organizadas por astutos comerciantes, travestidos de “missionários da fé”, mas na verdade, falsos profetas, que iludem as “ovelhas” mais humildes, enriquecendo às suas custas, e até alcançando o poder político, na pretensa restauração das suas antigas condições, quando a maior de todas as denominações teológicas, deteve todos os poderes com total absolutismo, por 1.200 anos. Então, nasceram a Inquisição e o enorme contingente de “cristãos históricos”.

Talvez a prudência nos leve a evitar os intermediários, e em conexão direta, nos agarrarmos à promessa do nosso Senhor Jesus Cristo, cumprindo a nossa parte é claro: “Se me amares obedecerá aos meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique para sempre convosco; o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, pois ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”. (João 14;15 a 18)

A conexão direta, independente, sem intermediários, livrará o pretendente ao “novo nascimento”, do entulho das tradições, relíquias, solenidades teatrais, das fábulas e genealogias meramente simbólicas, de todos os inúmeros procedimentos formais instituídos pelos homens, das assembléias inócuas conduzidas pelas ladainhas caóticas, e pelos sofismas e sutilezas vazias. Assim, o pretendente se dedicará ao estudo mais profundo das Escrituras, em qualquer dependência da sua própria casa, no “quarto de guerra”, por exemplo. Mas...

“Eu vos escrevo estas coisas tendo em vista aqueles que vos querem enganar. E quanto a vós, a unção que dele recebestes mantém-se em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine. Mas, a unção que dele vem é verdadeira, não é mentira, e vos ensina a respeito de todas as coisas; permanecei nele assim como ela vos ensinou”. (I João 2;26,27)

Afinal, nestes tempos tenebrosos, talvez o “Cristão Novo” venha nos despertar, pelo seu alento espiritual, para as dolorosas evidências que se apresentam diante dos nossos olhos, deixando-nos perplexos pelas suas atrocidades, que extrapolam a nossa capacidade de compreensão, e que talvez estejam sinalizando o tão controvertido “final dos tempos”. Neste caso, teremos então, finalmente, a vinda do “Noivo”, para as sonhadas “Bodas Nupciais” com a Sua verdadeira Igreja: aqueles que “nasceram de novo”! Seja bem vindo Senhor Jesus!

P. S. – “Quarto de Guerra” é o nome de um filme de curta metragem, que contém uma pequena história, mas de grande profundidade, e muito útil para as famílias assistirem.