SAUDADES DO FUTURO

Como voltar no tempo e subir as minhas mangueiras, naquele quintal de terra e alegria, onde a brisa cantava fresca a tarde que chegava pra todo mundo lanchar. Tinha goiaba e carambola, as galinhas ciscando e a vitrola nos fazia viajar. Naquele tempo, senhora minha mãe pedia carinhosa um pão na padaria, lá se ia dois meninos, sem o medo da esquina, um ladrão ou covardia que nos viesse castigar. Essa saudade bate na gente, como bate essa fome que tanta gente vê indiferente, como fora carente, apenas o menino pedinte de esmola. Hoje um homem adormecido, pode ser um corpo apodrecido, tanto faz, se minha vida mesquinha continuar. Um contrato onde o todo vale mais que o "eu" sozinho, nada fez para que o sozinho, do todo viesse a pertencer. Ai que saudade dirá a pobre criança de hoje, quando no amanhã, o sol nascer, mendigar a água que derramamos nos tempos da contradição, falávamos mal de quem fazia (mal) e mal fazíamos para o mal desaparecer. Meu alento e minha dor é poder sentir saudades, sem a certeza de que haja futuro para outras saudades apareçam, porque é vida que ainda sonha, desse mal não padecer.