Pensar
Teimoso pensamento, rei dos inventos
Tenaz em seus anseios, deslizando em ventos
Tinha asas, vivia sem freio
Incapaz de pousar, voando sem ar
Ousando, sem se libertar
Ou usando um mundo sem par.
Havia fogo guiando seu templo
Bons tempos!
Andava em círculos, causando arrepios
Num delirante piscar de cílios
Gritava em qualquer instante
Era fugaz e por vezes tratante.
Jamais prisioneiro, não morria por inteiro
Sem essa de alcatraz.
Corria sem paz, sem obedecer
E seu hospedeiro caia em pranto
Ou nem tanto, até poderia louvar o encanto.
O calvário era o anoitecer
Aliás, a noite é ser
Parasita que a vida semeava.
Neste momento, o tempo parava
O frio, abraçava a ilha dos insurgentes
Ali, o breu mórbido pairava
E sem medo, o pensamento seguia
Sem voz, sem guia
Sempre no labirinto da mente
Pregando suas peças ou aparando arestas
Destemido e demente
Anjo e monstro insolente
Nos dias de hoje, parece ter vida dentro da gente...