Sobre o Novo Nascimento

O Ser Humano é constituído de uma formação tripolar, que se apoia em sua Natureza, em sua Luz (o lado do Bem), e em suas Trevas (o lado do Mal). O privilégio da sua espécie está no seu Intelecto, que lhe permite navegar livremente pela sua tripolaridade, para estabelecer as suas opções e conduzir-se de acordo com elas.

Contudo, o Ser Humano é um Indivíduo, portanto indivisível, com características próprias, tanto físicas, como intelectuais. Assim, essa “navegação” do seu intelecto também segue os mesmos princípios, onde a preferência de cada um se concentra mais ou menos em cada uma das suas três polaridades, e essa concentração torna-se sistemática, acabando por definir uma personalidade, ou uma imagem pessoal do indivíduo. Mas, nem todos seguem o mesmo roteiro, até dentro dessa concentração preferencial, onde os mais prudentes não têm tanta pressa e não estabelecem opções irreversíveis, pois eles percebem que a evolução do seu próprio intelecto, aos poucos, vai aumentando o seu arsenal de alternativas, ampliando o seu horizonte, conferindo-lhe uma visão mais ampla e profunda, como um alicerce mais seguro para firmar as suas convicções.

O uso contínuo e sistemático dessa prudência acelera a inquietude do intelecto, gerando o hábito do aprofundamento das investigações, cujo intelecto não se satisfaz com a superficialidade das informações que encontra no seu caminho, que não conseguem ganhar a sua inteira confiança. Ele não tem preguiça, vai atrás dos detalhes, estuda-os, assim como estuda as conclusões de outros indivíduos sobre as mesmas questões, sempre com prudência e mantendo a integridade da sua independência. Assim, com tranquilidade e segurança, esse intelecto vai construindo paulatinamente as suas próprias convicções, porém, sempre pronto a revisá-las, aprimorá-las, ou mesmo substituí-las, no caso de encontrar uma base mais consistente para a sua reformulação.

Nessa trajetória tripartida, de duração variável entre os indivíduos, no que se refere ao campo das investigações e conjecturas relativas ao Espírito, que circulam entre a Luz e as Trevas, fora, portanto, do âmbito da Natureza, pode ocorrer uma “explosão” (insight) que abre, abruptamente, uma “janela” para uma compreensão profunda, que extrapola os limites do intelecto, que também evolui continuamente, em progressão, dentro das potencialidades individuais. Essa “explosão” é o “novo nascimento”, a maior bênção que o Ser Humano pode receber e que é o “passaporte” para a entrada do Cristão na “Terra Prometida”. Nessa “explosão”, ocorre, simultaneamente, a ressurreição de Cristo, que estava “morto” nesse indivíduo, e o “novo nascimento” do mesmo indivíduo, que estava “morto espiritualmente”. No novo nascimento, portanto, Cristo renasce dentre os mortos.

Efésios 2:4 a 7 – Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo, e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus.

A partir desse momento, o nome do renascido é mudado de Jacó para Israel (Gênesis 32:22 a 31), o novo e efetivo Cristão, um sujeito meio esquisito, que muda o seu foco com relação à importância de todas as suas circunstâncias, e que na medida da sua evolução espiritual, assim como o Apóstolo Paulo, fica com alguma dúvida em relação às suas preferências futuras, entre partir para a “Terra Prometida”, ou permanecer, para ser útil aos seus semelhantes. (Filipenses 1:21 a 25). Paulo permaneceu; foi e é ainda muito útil.