Insights e Antenas Repetidoras

Todos os Seres Humanos gostariam de desenvolver qualquer tipo de projeto, substancial, concreto, como um produto industrial, ou incorpóreo, abstrato, como simplesmente uma ideia, cujo produto ou ideia, fossem absolutamente novos, originais, sem que jamais tivessem sido sequer cogitados por alguém. Nestes casos, teríamos o inventor do produto e o idealizador ou formulador da ideia, os dois como seus criadores originais. Ambos não teriam copiado nada de ninguém, seriam os legítimos geradores do produto e da ideia, os quais poderiam ter surgido, após longos períodos de árduo trabalho físico e mental, ou simplesmente de uma abrupta explosão intuitiva chamada sabiamente de insight.

Por outro lado, quando alguém copia um produto já existente, ele é apenas um replicador desse produto, assim como quem copia uma ideia também é o seu replicador. Esses replicadores funcionam como antenas repetidoras, ajudando na sua divulgação, às vezes usufruindo de algumas vantagens, lícitas ou ilícitas, oriundas das suas replicações. Dessa forma, sempre que estivermos “ensinando” alguém sobre um produto, ou uma ideia, ambos já existentes, somos também apenas replicadores ou antenas repetidoras, retransmitindo conhecimentos que foram criados e desenvolvidos anteriormente por outras pessoas, seja recentemente ou através de uma evolução diluída em múltiplos agentes, que se perde no tempo, mas que de alguma forma, foram preservados.

No campo das ideias especificamente, temos as ideologias aplicadas na política, economia, direito, ciências, artes, religiões, etc., como exemplos, cujos modelos parecem praticamente esgotados, sem novas revoluções significativas, como no campo das coisas concretas, como máquinas, equipamentos, utensílios, eletrônica, nano tecnologia, etc., onde são constantes as inovações, que se sucedem rapidamente. Na maior lentidão da evolução das ideias, permanecem inúmeras perguntas sem respostas, como por exemplo, sobre a questão da existência ou não, de uma limitação para a nossa capacidade de avançar na idealização de alternativas, que alcancem a compreensão efetiva da mente humana na expressão das ideias, ao ponto de que seja possível perceber uma realidade que escapa ao entendimento lógico, pois aí iremos esbarrar no antigo conflito entre o provável e o improvável, identificado plenamente entre a ciência e a chamada religião, nos seus incessantes combates entre a fé e a razão, cujo conflito tem origem apenas no egocentrismo recíproco, refletido na inobservância proposital de indícios ou evidências esclarecedoras, na associação da ciência e religião em relevantes descobertas.

Como uma inserção antecipada no cenário em elaboração, vamos examinar a “palavra-chave”, fundamental neste cenário, uma propriedade da língua inglesa: insight, que não encontra uma unânime significação na língua portuguesa. Insight = 1 - Clareza súbita na mente, no intelecto do indivíduo; iluminação, estalo, luz. 2 – Compreensão ou solução de um problema pela súbita captação mental dos elementos e suas relações adequadas. 3 – Visão com os olhos da alma. Essas foram interpretações que nos pareceram as mais adequadas neste contexto, para essa privilegiada expressão idiomática.

Retornando às ideias e seus autores, vamos recordar que o astrônomo grego Aristarco de Samos, no século III a.C., foi o primeiro a apresentar a teoria do heliocentrismo, seguido pelo astrônomo e cônego da igreja católica, Nicolau Copérnico, no século XVI e pelo astrônomo e filósofo, Galileu Galilei, no século XVII. A teoria do Big Bang, como o evento que deu origem ao Universo, foi proposta em 1927, pelo padre católico, astrônomo, cosmólogo e físico, Georges-Henri Edouard Lemaitre. A descrição do comportamento dos corpos em movimento, elaborada por Isaac Newton, cientista e teólogo, foi publicada em 1687, através da sua obra “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”. A Teoria da Relatividade Restrita em 1905, da Gravitação e da Relatividade Geral em 1916 relativas ao comportamento dos corpos celestes, foram propostas pelo físico teórico Albert Einstein, que era crente em um Deus, representado para ele, como uma Energia Cósmica, cujas teorias contribuíram para o desenvolvimento posterior da Teoria Quântica.

Entretanto, como um paradoxo científico, a teoria da Relatividade Geral de Einstein possibilitou o surgimento da Teoria Quântica, mas a evolução desta levou-a, a não combinar com a Relatividade Geral, forçando os Cientistas a admitir que uma dessas duas teorias estivesse errada, criando um impasse que já dura um século e não foi ainda solucionado. A sua solução é um sonho acalentado pelos Cientistas. .

Quanto ao conflito científico-religioso, podemos observar nos perfis dos grandes Autores originais acima citados, a notável associação entre a ciência e a religião, o que indica, que tanto os cientistas, como os religiosos devem superar as suas inúteis divergências, e unir as suas forças para o efetivo progresso de ambas.

A seguir, passamos ao exame do aspecto mais relevante sobre as ideias dos cientistas e religiosos acima referidos. Eles não foram ensinados por ninguém sobre essas ideias. Então, de onde elas surgiram? Como elas foram construídas? A Bíblia nos ensina que o espírito e a carne não têm um bom relacionamento e isso é reflexo dos desejos da carne, orientados pela cobiça, pela inveja, pelo orgulho e pelo ódio, se contrapondo ao desejo do espírito que se resume no exercício do amor incondicional. Quando o espírito predomina, elevando-se no amor de Cristo, explodem os insights, trazendo consigo as revelações espirituais, sobre conhecimentos que jamais seriam alcançados pela razão. Como um poderoso relâmpago, ocorre uma conjunção do espírito do homem com o Espírito de Deus, permitindo que o espírito do homem penetre até mesmo nas profundezas de Deus. Essa é a visão dos espiritualistas, a nossa visão. Qual seria a visão dos racionalistas? Como eles explicariam os insights dos cientistas e religiosos acima mencionados? Eles podem ocorrer também na conjunção espiritual entre os Seres Humanos, no campo específico da razão, quando uma determinada ideia de um, é absorvida em toda a sua profundeza pelo outro, total ou parcialmente, o que explica a grande variedade de notas obtidas pelos alunos, numa mesma prova, sob os ensinos do mesmo professor.

Os insights, ou as conjunções espirituais entre Deus e os homens, não ocorrem pela vontade ou quaisquer tipos de méritos do homem. Eles simplesmente acontecem abruptamente, como inspirações profundas e espontâneas, desconcertantes para o agraciado, que percebe imediatamente, a grande dificuldade que terá, para expressá-los adequadamente, e as dificuldades ainda maiores, para que as outras pessoas possam compreendê-los em toda a sua profundidade. Na verdade, os insights se tornam um peso, certamente agradável sob o aspecto pessoal, a ser carregado pelo contemplado, cuja melhor definição foi registrada pelo Pensador Dossi.

“Os tormentos pela retenção compulsória do conhecimento, que não pode ser expandido, são maiores do que os tormentos pela impotência de impedir a expansão da ignorância”.

Com efeito, também o Apóstolo Paulo, a seu modo, discorre sobre a questão do acesso a esse conhecimento, e das dificuldades decorrentes da incompreensão entre a razão e o espírito, como veremos a seguir.

I Coríntios 2:6 a 10 – Na realidade, é aos maduros na fé que falamos de uma sabedoria que não foi dada por este mundo, nem pelas autoridades passageiras deste mundo. Ensinamos uma coisa misteriosa e escondida: a sabedoria de Deus, aquela que ele projetou desde o princípio do mundo para nos levar à sua glória. Nenhuma autoridade do mundo conheceu tal sabedoria, pois se a tivessem conhecido não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como diz a Escritura: “o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, foi isso que Deus preparou para aqueles que o amam”. Deus, porém, o revelou a nós pelo Espírito. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus.

I Coríntios 2:13 a 16 – Para falar desses dons, não usamos a linguagem ensinada pela sabedoria humana, mas a linguagem que o Espírito ensina, falando de realidades espirituais em termos espirituais. Fechado em si mesmo, o homem não aceita o que vem do Espírito de Deus. É uma loucura para ele, e não pode compreender, porque são coisas que devem ser avaliadas espiritualmente. Ao contrário, o homem espiritual julga a respeito de tudo, e por ninguém é julgado. Pois quem conhece o pensamento do Senhor para lhe dar lições? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo.

Apesar da clareza com que o Apóstolo Paulo aborda o assunto, como nos textos acima, alertando também os Cristãos sobre a questão das “fábulas e genealogias”, sobre o “véu de Moisés”, sobre o “leite para as crianças” e o “alimento sólido para os adultos”, muitos cristãos históricos, refratários â evolução, continuam encalhados no sentido literal dos textos bíblicos, enroscados nas parábolas e simbolismos, sem penetrar no seu sentido subjacente, ou seja, no significado substancial dos ensinamentos bíblicos. Esses “cristãos” devem ter em mente que os insights são concessões independentes da nossa vontade, mas os esforços para ultrapassar os obstáculos mencionados pelo Apóstolo Paulo, são da nossa inteira responsabilidade, e poderão nos capacitar para a “visão com os olhos da alma”. Então, o insight terá sido concedido!

I João 2:27 – Vocês receberam de Jesus a unção que permanece em vocês, e já não têm necessidade que alguém os ensine; pelo contrário, como a unção dele, que é verdadeira e não mentirosa, lhes ensina tudo aquilo que Jesus lhes tinha ensinado, permaneçam com ele.

Afinal, podemos perceber o que é realmente o insight, e como ele é obtido, porque agora o estamos “vendo com os olhos da nossa alma”!

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 31/07/2017
Código do texto: T6070106
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