Está Deus morto?

"Deus está morto", afirma Nietzche em Gaia Ciência. E se, "Deus está morto, então, tudo é permitido", dialogam os Irmãos Karamazov, com uma pequena 'intervenção' do Diabo, na obra de Dostoiévski. E o Diabo veste Prada, Vuiton e Saint Laurent.

Para Dostoiévski, Deus é o Princípio e a Verdade, porém, niilistas que somos, jogamos por terra todas as verdades, todas as virtudes, ética e moral. Vemos-nos diante de uma abissal ausência de critérios, de sentido, de por quê!

Tudo é revirado, sacudido, posto em discussão. As traças corroem os pedestais de nossos ícones e heróis, de nossos deuses também. Temos, entre outros, o deus da Umbanda, do Candomblé, dos Judeus e de Maomé. A polida superfície das "verdades" e dos "valores" tradicionais encontra-se despedaçada e surge o caos como nova ordem. Temos terremotos, "prováveis" colisões de cometas, tsunamis com ondas de 250 metros de altura e balas perdidas em nosso menu diário, sempre a nos ameaçar. Alguém chame a Segurança, rápido!

Já para Nietzche, importa mais saber o tempo que a notícia da morte de Deus leva para dar seus frutos. Ora, adepto da iconoclastia, senão sua própria essência, o tempo encarrega-se por si próprio de destruir todos os ídolos, só não a idolatria, lamentavelmente. Moral e ética renovam-se em respeito à nova ordem. Surgem novas "verdades", assim como novos templos e novas religiões, o sectarismo e a intolerância se mantêm.

Tudo é movimento e é contínua a dor. Já que Deus morreu, deixarei que os mortos enterrem seus mortos, ressuscitar eu vou!

Luiz Carlos Moreira Cardoso