Simplesmente, hoje

Acordei romântico hoje. Torto, amassado em fantasias.

Acordei ridículo hoje. No ponto para escrever cartas de amor, tão patéticas quanto eu.

Acordei encantado hoje. Não com um bem querer, mas com todo querer, e todo bem. E tudo que é belo, tudo que é grotesco também me fascina hoje. Tudo que é idéia, tudo que é sentimento, tudo o que é impossível, possivelmente, vive em mim. Acordei com um conto de fadas, sem fadas, sem letras. Um conto vivo, apenas. Respirando, apenas. Sentindo, totalmente. Sonhando sobretudo com os ouvidos e com as mãos. Sonhando com todas as minhas mãos, e todos os meus ouvidos, harmoniosamente desorganizados, captando tudo, sonhando tudo.

Hoje acordei sorrindo... e assim estou até agora.

Hoje acordei para ouvir Chico Buarque e ler Fernando Pessoa.

Quem me dera ser assim todo tempo.

Clodí
Enviado por Clodí em 24/10/2005
Código do texto: T63126