Diálogo do fim da vida - de Lúcio Herrera

A Verdade é etérea e eterna. Se Deus está em tudo, inclusive em nós, temos uma parcela da Verdade em nosso espírito, e não a descobrimos por estarmos revestidos pela carne. Para descobrir a Verdade em minha vida, devo descobrir o que eu sou. Não o que me fiz ao esquecer, e sim o que sou além de todo o envoltório e esquecimento. O que sou em milênios e o que me fiz até então. Décadas não podem me resumir e sequer me estagnar. Estou carne para descobrir que sou além do escondido. Sou o fruto de mil existências que choraram e sorriram. Sou igual aquele que fez e modelou a Terra com o Pai que tudo fez. Sou feito para fazer e ser. Não faço porque não sou quem um dia serei e não sou ainda porque não me permiti. Permito então descobrir a Verdade mesmo que me doa e me faça arder no inferno que criei. Porque não posso mais ser aquele que está enclausurado meio à face pútrida e de fim desnutrido O ultimo suspiro não é senão o primeiro que traz a tona a verdade que não descoberta em vida. Não vou permitir me conhecer quando parte que me constitui hoje se for. Quero me entender em verdade e existência, abrindo toda barreira que a matéria fez de propósito para me fazer forte e me confirmar. É preciso entender que o que há em nós é o que somos. E o que achamos que somos apenas está fazendo parte de nós.

Lucio Herrera - 01/03/18