Tentando definir as fronteiras do que é o amor

Em resposta ao poema "INDAGAÇÕES AO POETA" de autoria de Lilian Vargas.

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O amor é uma caminhada do conhecer-se através do outro. Passa por reconhecer seus erros e assumi-los. Também passa por desculpar-se. Controlar para que a chama não vire um incêndio aprisionando o ser amado, mas também não venha se tornar uma frágil vela em um castiçal num canto da alma. Quem teme o amor ou já não acredita mais nele quer provar aos que amam que está certo. As vezes amamos mais, as vezes somos amados mais do que amamos. É muito mais uma gangorra do que uma balança. Sentir falta, sentir saudades. Querer estar junto. Sentir-se incompleto ao estar sozinho. Amar pode doer, pode até enlouquecer. Pode não ser correspondido. Mesmo assim não deixa de ser amor. E são tantos os amores; amor de mãe e de pai, amor de avó, amor entre irmãos, o amor fraternal das religiões, o amor a natureza e as artes. Algumas coisas prejudiciais ao amor: a ansiedade, o excesso de expectativas, cobranças, distância... É possível amar certas pessoas por alguma característica única: "Eu te amo porque você me alegra","Eu te amo porque você me acalma","Eu te amo porque tuas poesias falam de coisas da minha alma que eu não saberia colocar em palavras". É também possível amar várias pessoas ao mesmo tempo por características que te completam. Aquela lacuna do amor de um é perfeitamente preenchida pelo amor de outro. O amor a dois será sempre incompleto. É preciso que hajam amigos, parentes, filhos, netos, e algumas vezes até amantes, para preencherem cada espaço em nós reservado para o amor. Quando se fala em traição lembro sempre da música de Raul Seixas-Medo da Chuva: "Porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo/ Hoje eu sei/ Que ninguém é feliz neste mundo tendo amado uma vez". O amor precisa ser livre e libertador, e este é o maior desafio de todos; deixar o amor partir pelo amor que se tem, ou que se teve por ele. E não envergonhar-se de algum tempo depois aceitá-lo de volta se o coração assim quiser. Não quero viver sozinho e colecionar manias e traumas. Vou morrer amando.

Nicola Di Fiori
Enviado por Nicola Di Fiori em 04/01/2019
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