Buddha estava certo

Há tempos atrás cheguei a uma conclusão a meu respeito: ou era mau demais ou bom demais. Quando mais novo, jogava futebol: ou era zagueiro ou jogava no ataque, nunca consegui me dar bem no meio de campo. Como não estava bom para ninguém à minha volta, resolvi mudar. De estalo. O tal do caminho do meio que Buddha tanto falava. Resolvi seguir o caminho. Dois passos para a frente, um para trás, mas vi que a cada dois eu ganhava um. Descobri que o caminho do meio é o caminho da nossa boca / mente. Tive que deglutir batráquios gigantescos, assim como tive que fechar a boca / caminho / mente. No começo, mais ruim que contar anedota pra surdo, e o surdo, era eu. Aos poucos fui descobrindo que engolir sapos faz parte, pois além de ser proteína, comecei a aprender mais sobre mim mesmo e o quanto estava errado sobre as minhas convicções: bastava digerir o bicho e esperar / pensar. Aprendi que um bom ouvido é mais produtivo que uma boca grande de palavras cheias de vazios e que somente serviam a mim mesmo, e que não serviam para nada, além de mostrar quem ou o que eu era. Aprendi que quando a palavra começa a ir na direção da ponta da língua, pode muito bem ser engolida. Aprendi que um coração cheio de raiva não combina com a bondade e vice-versa. Aprendi que no começo me senti meio despersonalizado, como se algo faltasse, mas aprendi que para construir algo, tive que desconstruir outra. Aprendi que ao olhar mais para as pessoas além de mim mesmo, acabei descobrindo que elas existiam. Aprendi que meu pensamento pode ser único, mas não é o único. Aprendi que tenho que aprender mais ainda e que o tempo é curto, mas nunca tarde para tentar. Aprendi que hoje sou mais feliz comparado ao que eu achava que era felicidade. Aprendi que Buddha estava certo.

Shri Shankara
Enviado por Shri Shankara em 15/05/2019
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