Bagagem pronta pra próxima viagem. Juntei com cuidado, ano a ano, não foi por acaso. Acaso, aliás, deve ser história da carochinha contada pelo pescador de ilusões para justificar seus dias fora de órbita, sem nenhum controle interno ou externo. Sei bem que algumas malas poderiam ter ficado para trás, mas não sabia ao certo em qual delas estavam os meus maiores tesouros. Vai que esqueço algum membro e saio por aí culpando os outros? Muita coisa já me serviu, um dia, outras nem usei e, outras ainda, nem valorizei como deveria. Fiz umas ofertas, não tanto quanto podia nem tampouco que uma frase resumiria. Talvez não perdesse tempo arrumando as malas, infelizmente. Limitava-me apenas à quantidade e perdia em espaço e qualidade. Bem, tudo me servirá de alguma forma e se não for necessário, hora certa de me desfazer de alguns. Mas será que desligar-se é preciso? É só se lembrar de uma rede de alta tensão. O perigo pode estar ao seu lado. Ensaiando um "passinho" de dança ou virando carga pesada pra se carregar. Deixa que o tempo me tome de ternura e, assim, sem devaneios, que eu pratique o desapego. Apego é feito vício, quando enfim, você começa a se desintoxicar, a abstinência desponta nos poros.
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 03/06/2019
Reeditado em 03/06/2019
Código do texto: T6663665
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