Discursos ferem. Poderiam também sinalizar no pensamento uma possível miséria pulsional?

Tem um mal estar insuportável na lida com a realidade: etiologias a parte, os dissabores se mostram em cada encontro. Os discursos por muitas vezes são farpas que não visam chegar ao denominador comum ou promover reflexão: é a cliché disputa de egos: não seria um Narcisimo ferido se cada palavra do outro fosse a lembrança, não só de sua diminuição na batalha discursiva, mas de todas as repercussões que ela lhe trás,que se impõe? Creio que seja ver-se preso nas armadilhas de um ego fraco; precisão de aprovação , porque no fundo se sente ameaçado por ele. Desejo desconhecido, miséria pulsional: já há o fracasso imanente da fantasia alucinatória do princípio do Prazer ; soma-se a ele a configuração de um real que nada pode dar de substitutivo parcial. Só resta então psicotizar?

A associação foi a partir de um "delírio" meu - pode fazer sentido única e exclusivamente para mim.

A referência conceitual que me fez pensar em miséria pulsional é de Kehl, M. E. O desejo de realidade. In: NOVAES, A. O desejo. São Paulo: Companhia das letras, 1990. A autora comenta que a situação de miséria faz da operação do Princípio de realidade uma desvantagem, porque os objetos dados não são capazes de substituir o prazer da satisfação alucinatória imediata que é frustrada quando é introduzido o Principio de realidade. Só há desprazer.

Abraão Rodrigues
Enviado por Abraão Rodrigues em 08/06/2019
Reeditado em 29/07/2019
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