A "Sindrome"

(carta aos irmãos)

Não me tire do meu quarto "vazio", entenda que é o momento para eu silenciar.

Deixe as cortinas fechadas, se preciso for eu mesma as abrirei. Não fique triste e nem me esconda nada, pois certamente conseguirei perceber, sentir e ver. Meus sentidos são naturalmente aguçados (sabe Deus por quê), e isso faz com que haja intensidade em mim com relação a tudo ao redor como se estivesse desossada dentro das veias de muitos ou de todos.

Se abrires seus olhos e me olhares a íris, poderei fazer uma viagem em ti. Neste momento preciso apenas estar dentro de mim somente, e daí descobrirei nossos melhores lugares. Então, não me chame ou abandone, garanto que não tenho durante esta quietude sentimentos negativos; também não estou doente e nem deprimida, apenas encontro-me numa espécie de metaformose. Nasci assim. Amo toda espécie de vida, você sabe. Tudo o que posso dizer-lhe, para acalmar-lhe, é que o AMOR em sua plenitude exige conhecimento e respeito com referência a nós mesmos e também aos outros. Exige razão além do próprio sentido e resiliência diante de dores sobre perdas e danos. Sim, pois sem as quais não conheceremos a verdadeira paz e alegria em sua culminância.

Tenho dentro do peito o mundo inteiro, é ele o mesmo mundo para o qual vim e onde você está, daqui consigo ver onde podemos parar ou seguir. Observo o quanto ele pode ser bonito ou feio dependendo de nós.

Vejo a necessidade de uma transmutação que exige-me muito. Tente entender que nem sempre sou carne, e sim carne viva, mas não sinto a dor de minha carne ou da sua aqui dentro onde estou, o que sinto é a expansão de minha mente. Não sofro, então não sofra.

Quando puder sair de onde estou, todos poderão me ouvir cantar, todos poderão me ver sorrir com minha simplicidade de sempre, em meus canteiros a arar e plantar, na doce companhia de meus animais.

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 26/06/2019
Reeditado em 26/06/2019
Código do texto: T6682197
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