## POEMA PARA ELAS ##

Palavras repetidas,

sob mesma emoção,

acabam por seguirem em vão,

no vão do nada onde nada preenche.

Entre o frio e o quente

mudam-se nomes e datas, apenas,

Helenas de Atenas, do Chico e Boal.

Sonhos, cavalos alados,

prazeres, sol e luar.

Dia, noite, colo, gozo.

Pouco criativo, talvez,

mas a bola da vez.

Calor, paixão, canção,

gemidos e sussurros.

"Arde sem se ver", diria Camões.

"Fui teu, foste minha". O que mais, Neruda?

"Amar não é aceitar tudo", Vladimir,

nem todo amor é vagabundo,

há os que querem viver

em cada vão momento, Vinícius,

e os que "ardem sem se ver",

ardendo nas chamas de Camões.

Morre o poema ficando sujo.

Bela,bela, mais que bela,

mas como era o nome dela?

"Perdeu-se na carne fria,

perdeu-se na confusão

de tanta noite e tanto dia.

mas como era o nome dela, Gullar?

Ah, não sei não!

(Taciana Valença)

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 21/07/2019
Código do texto: T6700796
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.