ÚNICO, INDIVIDUAL, INEXORAVELMENTE UNO

Os Seres humanos são indivíduos, ou seja, são indivisíveis, dentro de uma multidão de mais de sete bilhões de exemplares. Cada um com suas potencialidades, que lhes conferem a capacidade de exercitar os seus dons, as suas vocações, as suas especialidades, que os diferenciam entre si, cujas especialidades, são intercambiadas pelos indivíduos, satisfazendo as necessidades que despontam nas sociedades organizadas para o seu convívio social, onde todos têm a sua utilidade, seja para o bem, seja para o mal.

Essa diferenciação é perceptível com facilidade nas relações humanas, no tocante às atividades exercidas em função da inteligência e do raciocínio utilizados nas operações orientadas pela capacidade racional dos indivíduos, e conforme o grau das potencialidades, alguns se destacam nas suas especialidades, tornando-se notáveis, sendo premiados e registrados na memória perpétua da Humanidade, para que sejam relembrados e estudados pelas gerações posteriores.

Entretanto, no terreno da efetiva espiritualidade, ou da pretensa e ilusória espiritualidade, ocorrem os mesmos fenômenos, sendo, porém, mais difícil reconhecer onde está o sofisma, em busca dos mesmos objetivos da racionalidade materialista, ou apenas a intenção de desenvolver e ampliar o conhecimento espiritual, conforme fizeram os Profetas primitivos. Com efeito, nas duas vertentes, predomina a malandragem, típica dos Seres Humanos, que colocam os seus interesses pessoais acima de tudo, ficando o território dos interesses coletivos reservado para as boas intenções, das quais o inferno está cheio, conforme o dito popular.

Com o advento da globalização e do extraordinário avanço nas comunicações, a ambição de fazer parte de um seleto e privilegiado grupo de indivíduos se ampliou, seja em função da egolatria ou da cobiça, oriundas do narcisismo e da expectativa da acumulação de riquezas. Todos querem se destacar na multidão, idolatrados pela “galera”, onde estão os remadores do barco das ilusões.

Mas o implacável tempo se escoa e o vigor físico se vai, as cinco sentinelas se enfraquecem, e os inimigos se aproximam, travestidos nas impossibilidades que se acentuam, nas incertezas que não se esclareceram, na ansiedade, na angústia, na insônia, na auto-decepção pela inobservância do que deveria ter sido observado no tempo que se foi. Alguns são despertados e procuram recuperar o tempo perdido, outros se revoltam contra as “culpadas circunstâncias externas”, recusando-se a contemplar o seu próprio interior, e mergulham na autopiedade, sofrem o ataque dos seus medos, açoitados pelas ondas bravias da sua própria consciência... Para estes a tempestade chegou...

No Amor não há medo, pelo contrário, o perfeito Amor elimina o medo, pois o medo importa em castigo, e quem tem medo não está aperfeiçoado no Amor. (I João 4;18)

Como percebeu João, de fato o amor afasta o medo, trazendo a paz interior que neutraliza os efeitos das tribulações que ocupam todos os espaços da nossa vida. Mas esse amor a que João se refere é o amor ágape, o amor fraterno, o sentimento autêntico que se aproxima da regra de ouro “amar o próximo como o si mesmo”, e não ao amor aos desejos correspondentes à nossa estrutura animal, como sexo, riquezas materiais, poder, egolatria, idolatria, etc.

A vida do Ser Humano é curta e rápida. Conforme as suas opções, ela pode ser apenas uma corrida atrás do vento, sem nenhum sentido, nem lógico e muito menos espiritual. Os mistérios e o próprio sentido da vida são os desafios da nossa existência. Os Profetas primitivos, e mais recentemente, o Sapateiro alemão Jacob Boehme (1575-1624) venceram esses desafios. Vamos estudá-los... antes que se enfraqueçam nossas cinco sentinelas e o nosso CPU, e se esgote o nosso tempo...

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 25/08/2019
Código do texto: T6728719
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