Porque Não Te Amo Mais

O pior é que eu não posso te odiar, porque parte de bom do que eu me tornei foi por ter aprendido que você passear pela minha vida era uma amostra do que eu não deveria, queria e iria. Mas pior do que não poder te odiar pelas coisas boas que foram o isqueiro para todo o fogo que eu sou, é não poder te odiar pelas severas cicatrizes que você deixou em mim.

Você usou a faca mais afiada e cortou o mais fundo que podia. E eu venho costurando com minhas próprias mãos esses ferimentos, ano após ano, tentando fazê-lo cicatrizar.

Não dói mais, porque não te amo mais. Mas eu ainda sinto o volume da epiderme que não se alinham corretamente, nem sempre todo mundo repara, mas às vezes, ela tem destaque. Até demais.

Você deixou um punhado de coisas boas aqui, mas não camuflam o estrago que permanece em mim. De vez em quando eu sou um prédio em demolição, prestes a desabar em cima de qualquer um e adivinha quem decidiu que era hora desse edifício desmoronar?

— 5 anos foram muito até o fim, mas quem disse que a dor teve a mesma data final?