Minha fazenda, minha paixão

Risquei o fósforo e pus fogo na palha

acendendo o fogo no fogão a lenha

auscutei as batidas do coração que nunca falha

pois quando o assunto é roça ele empenha,

por querer me levar ao velho barracão

para fazer a ordenha do rebanho que por ele se espalha.

Fiz o meu café e coloquei pra esfriar

enquanto no canto da boca o cigarro de palha,

que alí ficava somente para a boca enfeitar

ia se movendo de um lado pro outro e calha

com esse meu jeito de caipira nato

que só deixa de ser, quando se põe a sonhar.

Mas a vida aqui é dureza e não alivia

quem se dispõe no mato a teimar em viver,

todo dia tem que matar o leão da magia

que é de tirar o pão da terra sem poder,

e é assim que o meu sonho parece realidade

vivendo feliz, onde o tempo é só por pura teimosia.

Ouço agora a voz da minha consciência

me chamando de volta ao mundo real,

para me dizer que devo pedir aos céus clemência

porque ser caipira hoje, não é nada normal,

aí eu olho pra janela o sol que desponta

e vejo que não passo, de um pobre animal.

Minha fazenda, minha paixão

que nunca passou de um sonho meu,

é o que alimenta esse velho coração

de um teimoso aposentado da cidade, quase ateu,

eu, ah! eu, já não tenho mais aquela velha esperança

de voltar a morar um dia no meu Sertão.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 16/09/2019
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