Vinum Rubrum
Há um clamor mórbido nas vinhas que espreitam os galhos retorcidos onde futuras garrafas serão postas sobre mesas e em suas taças de vidro. É possível que em alguns casos novas músicas sejam compostas, ou, na pior das hipóteses alguém se peça para casar com outro alguém. Toalhas serão manchadas e, pensamentos não externados, ficarão com olhar insano sobre o pano agora recém tingido. Principalmente se a toalha for nova.
O ocaso da vida contida nessa pequena forma verde que armazena esse líquido que teve sua origem nas vinhas acima, traduz como a vida pode ser escolhida em diversos rótulos que tentamos tirar da garrafa sem estragá-lo, quando o assunto sobre a mesa termina e buscamos, cada qual, olhar para um horizonte etílico sem demonstrar afoitamente o grau de (in)lucidez* encontrado sob o tamanho do teor alcoólico do próprio líquido degustado e manchado na toalha.
O caos pitoresco dessa suposição arquitetada, quem sabe, encontrada no oferecimento do matrimônio acima tenha encontrado eco no recipiente vazio e no constante filtrar dos rins sobrecarregado de vermelho, ou branco, ou ambos.
Por isso encerro com a frase de Benjamin Franklin:
"Toma conselhos com o vinho, mas toma decisões com a água."
* Licença poética de criar sem ter sorvido algum líquido.