MEUS DOIS EUS

Passei muito tempo sem entender como ser poeta me fazia tão feliz e mesmo assim havia um buraco. Sentia falta, não sabia de quê. Só dei por mim sobre o que faltava, quando ganhei de presente uma boa câmera fotográfica.

Nas primeiras fotos que fiz, com a mesma loucura do poeta que sou, concluí que passei muitos anos fazendo poesia como quem fotografa. O buraco fez sentido, e foi sanado, quando passei a fotografar como quem faz poesia.

Tinha que ser poeta e fotógrafo. Tão fotógrafo poeta quanto poeta fotógrafo. Caneta e câmera se completam como me completo intimamente com os meus dois eus.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 30/11/2019
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